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GLO de Lula contra crime organizado não vai dar certo, cravam auditores da Receita

Principal entidade de fiscais, Unafisco avalia que ofensiva do governo, via Garantia da Lei e da Ordem, para sufocar tráfico internacional e contrabando nos portos e aeroportos será ‘inócua’ sem integração com a Receita; ‘Inacreditável que ninguém tenha informado o presidente’

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Porto de Santos é um dos pontos que ficará sob a GLO de Lula até maio de 2024. Foto: José Patrício/Estadão

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de decretar Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo, até maio de 2024, não foi bem recebida entre auditores da Receita Federal.

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Horas após a assinatura do decreto, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), principal entidade de fiscais, divulgou uma nota criticando a medida. A associação afirma que a decisão causa “perplexidade” e será “inócua” sem uma integração com a Receita para garantir a fiscalização dos terminais.

“É inacreditável que ninguém tenha informado o presidente de que a Receita Federal é o órgão que mais apreende drogas no País, é a responsável pela fiscalização aduaneira, e não poderia jamais ter ficado de fora da GLO”, diz Mauro Silva, presidente da Unafisco.

Aeroporto internacional Tom Jobim, o Galeão, na Ilha do Governador no Rio de Janeiro. Foto: PEDRO KIRILOS

A GLO abrange os portos de Itaguaí (RJ), Rio de Janeiro e Santos (SP) e os aeroportos de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ). Para a Unafisco, a estratégia pode ter como efeito colateral a mudança nas rotas do tráfico de drogas. “O narcotráfico buscará outros pontos de menor policiamento e mais vulneráveis”, alerta a entidade.

Com o decreto assinado por Lula, as Forças Armadas vão atuar nos portos e aeroportos. A expectativa é que 3,7 mil militares do Exército, Marinha e Aeronáutica sejam mobilizados.

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Os auditores também afirmam que os militares não têm a experiência necessária para as tarefas de fiscalização, como leitura de escâneres e monitoramento de contêineres.

“A chance de deixarem passar carregamentos de entorpecentes e armas aumentará”, diz a Unafisco. “Uma GLO com a intenção séria de combater o crime organizado deveria prever a participação de todas as diferentes agências capazes de contribuir com suas competências e experiências específicas para alcançar os objetivos de segurança.”

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