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Impasse em acesso a acordo de leniência da Odebrecht pode levar ação envolvendo Instituto Lula à prescrição em dezembro

Prazo para alegações finais foi reaberto, pela segunda vez, depois que o Supremo Tribunal Federal determinou o compartilhamento do material com a defesa do ex-presidente Lula, que alega não ter recebido a íntegra da documentação

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Por Rayssa Motta e Paulo Roberto Netto
Atualização:

Novamente na fase das alegações finais, a última antes de o juiz proferir a sentença, a ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado pela Operação Lava Jato de receber R$ 12 milhões em propinas da Odebrecht na compra do terreno em São Paulo para sediar o Instituto Lula corre o risco de cair em prescrição.

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O processo por lavagem de dinheiro, aberto em 2014, está travado desde que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a 13ª Vara Federal de Curitiba compartilhe com a defesa do petista a íntegra da documentação relacionada ao acordo de leniência, estimado em R$ 3,8 bilhões, firmado entre a força-tarefa e a construtora com participação de autoridades dos Estados Unidos e da Suíça. Na decisão, o ministro ampliou o acesso restrito estabelecido inicialmente pela Segunda Turma da Corte em agosto.

Sede do Instituto Lula. Foto: GoogleMaps/Reprodução

O impasse envolvendo o material se alonga desde 2017, quando os advogados do ex-presidente começaram a entrar com sucessivos pedidos para ler toda a documentação. Mesmo após a ordem recente de Lewandowski, a defesa sustenta que a íntegra não foi disponibilizada e acusa o juiz Luiz Antonio Bonat e os procuradores da Lava Jato de esconderem documentos. As acusações levaram o ministro a pedir a abertura de uma apuração na Corregedoria do Ministério Público Federal para saber se os registros estão sendo de fato 'suprimidos'.

Por sua vez, o juízo de Curitiba se manifestou em três diferentes ocasiões informando que a decisão foi cumprida. A força-tarefa chegou a dizer, nos autos, que a 'insistência' da defesa no compartilhamento do material tem propósito de 'procrastinar' a tramitação processual.

Na prática, a briga adia o desfecho da ação na primeira instância, já que, pela segunda vez, foi reaberto o prazo para que Lula apresente suas alegações finais no processo após acessar os documentos. Em agosto do ano passado, o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, já havia determinado que o prazo para as manifestações fosse reaberto depois que o tribunal entendeu que réus delatados têm o direito de falar por último, ou seja, depois dos delatores (que fazem as acusações).

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Como na ação penal em questão há três réus com mais de 70 anos, em favor deles o prazo prescricional é contado pela metade. Por isso, há risco de prescrição caso a ação penal seja julgada após 19 de dezembro e os réus sejam condenados a penas de até quatro anos para cada crime. Nesse caso, também seriam beneficiados o advogado Roberto Teixeira e o engenheiro Glaucos da Costamarques.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-PRESIDENTE LULA

"A atuação da defesa técnica do ex-presidente Lula nesse e nos demais processos tem por objetivo exclusivo o reconhecimento da sua inocência em relação às absurdas acusações feitas pela Lava Jato, já que ele não praticou qualquer crime e é vítima de lawfare. Em outras 6 ações penais propostas contra Lula no influxo da "Lava Jato" a defesa técnica de Lula já obteve resultado favorável ao ex-presidente, seja por meio do encerramento sumário da ação, seja por meio da sua absolvição definitiva.

O pedido de acesso ao Acordo de Leniência da Odebrecht foi feito no dia 30/05/2017, há quase 3 anos e meio, quando o juiz da ação ainda era o futuro ministro Sérgio Moro. Mesmo após 3 decisões da Suprema Corte do país até o momento - uma colegiada e duas monocráticas - determinando a entrega do material, a Lava Jato se recusa a dar cumprimento substancial a essas decisões, como foi reconhecido no último dia 24/11 pelo ministro Ricardo Lewandowski.

Para além disso, a própria "Lava Jato" já admitiu uma gravíssima ilegalidade: a ausência de qualquer documentação das comunicações com autoridades estrangeiras na elaboração do acordo bilionário e que gerou a entrega de elevadas quantias e informações para órgãos norte-americanos e suíços. Também está em investigação na Corregedoria Nacional do MPF a hipótese de supressão do material, por determinação do Supremo Tribunal Federal".

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