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Opinião|O caso Ana Hickmann: a violência que não conhece fronteiras sociais

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Atualização:

O silêncio persistente das vítimas em relacionamentos abusivos é um tema que demanda reflexão. Diante das notícias envolvendo Ana Hickmann, de que seu marido Alexandre teria a agredido, é importante questionar: até quando vamos tolerar essa realidade?

Em meio às notícias de que Ana Hickmann, famosa apresentadora de TV, teria sido agredida por seu marido Alexandre, torna-se necessário analisar a resistência das vítimas em denunciar agressões em relacionamentos abusivos. Esta é uma situação complexa, que exige nossa atenção e reflexão sobre as razões por trás desse silêncio persistente.

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Os sinais de um relacionamento abusivo se manifestam de maneira dissimulada. A exposição constante de machucados nas redes sociais exemplifica esse disfarce, uma cortina de fumaça que camufla a verdade. Cada marca conta uma história, sendo esses “acidentes” aparentemente casuais uma estratégia para evitar suspeitas públicas.

Esse véu de disfarce, onde a vítima sofre “acidentes” com frequência, torna-se uma armadilha que perpetua o ciclo de violência e dificulta a intervenção de terceiros, e da polícia que é a porta de entrada do sistema de justiça criminal.

O comportamento agressivo do agressor é justificado como um simples “jeitão dele”, numa rede de desculpas que perpetua a impunidade.

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A violência não conhece fronteiras sociais, transcendendo classes econômicas. A persistência da impunidade não deve, de forma alguma, prosperar em função de motivos econômicos. É fundamental que a justiça prevaleça, independentemente do status social da vítima ou do agressor.

O engajamento da sociedade é crucial para criar um ambiente no qual todas as vítimas, inclusive as famosas, sintam-se capacitadas a denunciar e romper o ciclo tóxico do abuso e romper as correntes que aprisionam tantas pessoas em situações de violência.

*Raquel Gallinati é delegada de polícia; pós-graduada em Ciências Penais, em Direito de Polícia Judiciária e em Processo Penal; mestre em Filosofia; diretora da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) do Brasil

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