Grampos revelam alvos da Operação Ouro Verde afirmando que o deputado estadual Edmir Chedid (DEM-SP) pediria 'pedágios' sobre contratos na área da Saúde.
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A Operação Ouro Verde, deflagrada no dia 30 de novembro, encontrou a fortuna de R$ 1,2 milhão na casa de um servidor público de Campinas, a cem quilômetros da capital São Paulo. O servidor disse que o dinheiro é oriundo da venda da fazenda de seu tio.
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A investigação aponta que um grupo por trás da organização social Vitale, que administra o Hospital Ouro Verde, usa a entidade, que não deveria ter fins lucrativos, para obter indevida vantagem patrimonial.
Em relatório, o os promotores Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Daniel Zulian, Jandir Moura Torres Neto e José Claudio Tadeu Báglio, reportam à Justiça que Fernando Vítor, apontado como um dos lobistas para a obtenção do contrato da Vitale no Hospital Ouro Verde de Campinas', explica, em grampos, como funcionaria para a obtenção m contrato com o poder Público'.
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Segundo Fernando Vítor, é preciso saber quem é o político "dono da região" e pagar propina, tratada como "pedágio", para o político e para quem fez o contato com este.
Em um dos grampos, Fernando Vítor afirma ao interlocutor que o 'dono' da região de Amparo é o deputado Estadual Edmir Chedid.
"Aí: ah, o dono de Amparo é o Edmir Chedid, aí elá vai falar com o Edmir Chedid. aí você vai ter que pagar o pedágio dele e o dela, cê entendeu? Só pra você saber..."
Segundo o relatório, Vitor ainda pergunda ao interlocutor sobre qual licitação ele quer vencer e tem como resposta que é a do 'Laboratório AME'. Ele então alerta: 'quem manda nisso aí é o Edmir Chedid'
O Gaeco ainda aponta que, no diálogo, Fernando Vítor compromete-se a falar com o Deputado Estadual Edmir Chedid sobre a pretensão do interlocutor, que está interessado em licitação no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Amparo'.
COM A PALAVRA, CHEDID
Esclarecimento a Bragança Paulista
EDMIR CHEDID LAMENTA CITAÇÕES DE SUPOSTO LOBISTA INVESTIGADO PELO MP/SP
SÃO PAULO - O deputado Edmir Chedid (DEM) declarou que não possui nenhum envolvimento com supostos esquemas irregulares para a obtenção de contratos na saúde pública. Também lamentou ter sido citado injustamente por lobistas e empresários numa conversa telefônica autorizada pelo Ministério Público (MP/SP), que apura denúncias sobre o crime organizado em Campinas.
Nesta gravação, um suposto lobista afirma que o parlamentar é o "dono da região" - em referência a Amparo/SP - e que qualquer atividade na saúde pública deveria receber sua autorização. "Fui citado injustamente numa conversa telefônica, apenas citado. E isso não significa que esteja sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo", comentou.
Edmir Chedid afirma ter ficado surpreso com a repercussão do fato, visto que seu nome aparece juntamente com o de outros políticos, de prefeito a deputado federal. "Há outros nomes na gravação autorizada pelo MP, mas fui o único que recebeu destaque na mídia. Não há qualquer declaração que sirva para apontar ou comprovar meu envolvimento com atos ilícitos", disse.
O parlamentar explicou ainda que, a proximidade com o período eleitoral do próximo ano faz ressurgir uma série de ataques à sua reputação. "Esta é uma situação que sempre se repete quando estamos próximos às votações mais importantes da Assembleia Legislativa ou quando tentamos a reeleição do mandato. Infelizmente, o desespero evidenciado por adversários tornou-se hábito contra os que possuem mandato e ações comprovadas", comentou Edmir Chedid.