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O potencial do Brasil para ser um dos principais hubs de impacto no mundo

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Por Patricia Nader
Atualização:
Patricia Nader. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Uma plataforma digital de atendimento psicológico, o aluguel de bicicletas nos grandes centros e a oferta de cursos de profissionalização e capacitação de recém-formados no ensino médio podem não parecer ter algo em comum a princípio. Mas analisando os objetivos dessas iniciativas e o propósito de cada uma delas, encontramos conexão: a busca por soluções de problemas nas áreas da saúde, mobilidade urbana e educação, amplamente reconhecidos como setores críticos no Brasil.

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Em um país com tantos problemas crônicos e socioambientais como o nosso, é nítido o cenário de oportunidades para atuação. Atualmente, em educação, os gastos equivalem a 6% do PIB, mas ocupamos o 67º lugar no PISA, apresentando uma alocação de recursos subótima, de acordo com a ONU. Por um lado, temos 40% de jovens recém-formados no Ensino Médio que estão desempregados, e por outro estima-se um déficit de 5,7 milhões de profissionais qualificados no Brasil até 2030. No setor da saúde, de acordo com a Agência Nacional da Saúde, 77% da população não tem seguro saúde com grande assimetria de atendimento. Já o sistema de saúde brasileiro não possui leitos hospitalares suficientes para atender a população, sendo a estimativa da OCDE que há 2,0 leitos o Brasil para cada mil habitantes, versus a média OCDE de 4,5, com casos mais críticos em regiões de menor renda, como a região Norte e Nordeste com grande disparidade entre o serviço privado e público. E segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos da Abrelpe, o Brasil gera quase 80 milhões de toneladas de lixo por ano, e apenas 3% desse total é reciclado.

Se pegarmos como exemplo a base para o empreendedorismo, é justamente a inovação para suprir demandas e resolver dores do mercado, sem deixar de ter o retorno financeiro com o serviço ou produto, que é considerada. A estruturação de um negócio de impacto não é diferente e vem sendo a motivação para diversos investidores, que contemplam resultado financeiro aliado com a geração de benefícios para a sociedade, em setores como educação, saúde, empregabilidade ou outros.

A partir da ampliação do debate sobre a pauta ESG e a forte atuação das empresas nesse sentido, os investimentos em negócios de impacto estão crescendo no Brasil. De acordo com o relatório 'Investimento de Impacto na América Latina', elaborado a cada dois anos pela Aspen Network of Development Entrepreneurs (Ande), ao final de 2019, havia US$ 785 milhões em capital alocado no setor, ante US$ 343 milhões dois anos antes. O volume de transações no Brasil saltou de 69, em 2016 e 2017, para 107 no último biênio.

Ao mesmo tempo que o primeiro e o terceiro setor não possuem ferramentas necessárias para resolver e solucionar esses desafios, a iniciativa privada avança como um agente de transformação mais promissor a partir do acesso a recursos, governança e metodologias de mensuração do retorno dessas ações. É preciso, portanto, que gestoras de investimento e distribuidoras, como bancos e corretoras, ampliem a oferta dessas opções para o varejo, além de investidores qualificados, incluindo os institucionais e até pessoa física, gerando mais oportunidades reais de investimento.

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Em um contexto pós-pandemia, com a retomada gradual da economia e um legado social percebido por empresas e organizações, os empreendedores de negócios de impacto podem protagonizar uma transformação significativa, por meio da promoção de melhorias na qualidade de vida da população de menor renda e na solução dos problemas mais críticos do país.

*Patricia Nader, head de investimentos e ESG da Good Karma Ventures

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