O ex-ministro Antônio Palocci confessou, nesta quarta-feira, 6, ao juiz federal Sérgio Moro, ser o 'italiano' que consta na famosa planilha de propinas da Odebrecht.
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Palocci foi preso na Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato, em setembro de 2016, e condenado por Moro a 12 anos e 2 meses de prisão. Ele está tentando fechar acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal.
O petista negou ser chamado de Italiano pelos executivos da Odebrecht, mas admitiu que as propinas que constam na planilha dizem respeito a ele.
"Se eu era conhecido como 'italiano'? Não! O Marcelo nunca me chamou de italiano,mas acho que essa planilha quando ele coloca italiano ele diz respeito a mim. Ele nunca me chamou por esse nome. Nem ele, nem Emílio. Mas eu não sei por que escolheu essa alcunha. Tem vários e-mails que ele fala de italiano e italia que não diz respeito a mim, porque diz respeito a outras pessoas. Mas a planilha eu acredito que sim, porque boa parte do que é tratado nessa planilha são assuntos que eu tratei com ele", relatou.
O ex-ministro resolveu confessar seus crimes em interrogatório no âmbito de processo relacionado à suposta compra, pela Odebrecht, do apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, e do terreno onde seria sediado o Instituto Lula. Segundo o Ministério Público Federal, os imóveis são formas de pagamento de vantagens indevidas ao petista.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO CRISTIANO ZANIN MARTINS, QUE DEFENDE LULA
Palocci muda depoimento em busca de delação
O depoimento de Palocci é contraditório com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas.
Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula.
Como Léo Pinheiro e Delcídio, Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena.
Palocci compareceu ato pronto para emitir frases e expressões de efeito, como "pacto de sangue", esta última anotada em papéis por ele usados na audiência.
Após cumprirem este papel, delações informais de Delcídio e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo MP.
Cristiano Zanin Martins