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Zambelli é alvo de operação da PF e hacker da Vaza Jato é preso

Deputada e Walter Delgatti Neto são investigados por suposta inserção de mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no sistema do Conselho Nacional de Justiça

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Por Pepita Ortega
Atualização:

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira, 2, Walter Delgatti Neto, hacker do ex-juiz Sérgio Moro e de ex-integrantes da Operação Lava Jato, entre eles o ex-deputado Deltan Dallagnol. A corporação ainda faz buscas em quatro endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli.

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Os dois são os principais alvos da Operação 3FA, que investiga a suposta invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

Segundo a PF, a ofensiva investiga delitos que ocorreram entre 4 e 6 de janeiro, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A Policia Federal deixa o apartamento da deputada federal, Carla Zambelli (PL-SP) após realizar uma operação de busca e apreensão em seu apartamento na asa Sul de Brasília.  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Em depoimento dado em oitiva no dia 27 de julho, o hacker implicou Zambelli diretamente pela invasão do sistema do CNJ e inserção da ordem de prisão fraudulenta contra Moraes. Segundo a PF, Walter Delgatti disse que recebeu pagamentos como ‘contraprestação para ficar à disposição da parlamentar’.

Ele ainda citou o ex-presidente Jair Bolsonaro. Disse ter encontrado o ex-chefe do Executivo no Palácio do Alvorada, ‘tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a Urna Eletrônica’. Segundo o hacker, ‘isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal’.

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Em coletiva após a operação, a deputada tentou desvincular o ex-presidente Jair Bolsonaro do caso.

A ofensiva aberta nesta quarta foi autorizada pelo minstro Alexandre de Moraes, que mandou a PF apreender dinheiro e bens (joias, veículos, obras de arte e outros objetos) em valores superiores a R$ 10 mil, além de passaportes, computadores, celulares e armas dos investigados. O despacho dá aval para os investigadores vasculharem inclusive ‘cômodos secretos’ que eventualmente encontrassem nos endereços vasculhados.

O magistrado ainda determinou a quebra do sigilo bancário dos investigados. Outro alvo da operação é Thiago Eliezer Martins Santos, que também foi investigado na Operação Spoofing, junto de Walter Delgatti, o ‘Vermelho’.

Ao todo, os investigadores cumprem cinco ordens de busca e apreensão - duas em São Paulo e três no Distrito Federal. São apurados supostos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

A PF indica que as inserções se deram após a invasão criminosa aos sistemas do CNJ, com o uso de credenciais falsas obtidas ilicitamente.

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O inquérito em questão foi aberto perante a Justiça Federal para apurar a invasão ao sistema do CNJ, mas acabou remetido ao STF após ‘indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro’ - no caso, a deputada Carla Zambelli.

A deputada Carla Zambelli. Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

O nome da Operação, ‘3FA’, faz referência à autenticação de dois fatores, a exigência de duas formas de identificação para acessar recursos e dados.

O ministro da Justiça Flávio Dino comentou sobre a ofensiva no Twitter:

COM A PALAVRA, WALTER DELGATTI

A reportagem busca contato com Walter Delgatti Neto. O espaço está aberto para manifestações.

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COM A PALAVRA, O ADVOGADO DANIEL BIALSKI, QUE DEFENDE ZAMBELLI

É com surpresa que tomamos conhecimento da operação de busca e apreensão desencadeada nesta quarta-feira (2) nos endereços da deputada federal Carla Zambelli, uma vez que a parlamentar já se havia colocado formalmente à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias. A deputada não praticou qualquer ilicitude e confia que ao final das investigações sua inocência ficará comprovada.

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