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PF vê ‘percalços’, ‘golpe’ e ‘esperança’ no rastro de mandantes do assassinato de Marielle

Em relatório de 150 páginas que levou à Justiça para deflagrar a Operação Élpis, Polícia Federal destaca que a nova etapa da investigação buscou ‘dar sustentáculo às movediças premissas fixadas’ pela Polícia Civil do Rio sobre a autoria do crime

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Foto do author Pepita Ortega
Atualização:
Tributo a Marielle Franco em 2021, três anos após sua morte. Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Para abrir a Operação que prendeu mais um réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes nesta segunda, 24, a Polícia Federal analisou centenas de procedimentos já abertos para a apuração do crime ocorrido em 15 de março de 2018, se deparando com o que chamou de ‘percalços’ e até com um ‘golpe’ as investigações. De outro lado, a corporação tem a ‘esperança’ – nome dado à investigação, Operação Élpis – que se formou a partir de ‘bases sólidas’ para a identificação dos supostos mandantes e financiadores da execução.

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Ao requerer autorização da Justiça fluminense para cumprir as diligências nesta segunda, 24, a Polícia Federal preparou um relatório de mais de 150 páginas. A corporação destaca que a investigação visou ‘dar sustentáculo às movediças premissas fixadas’ pelo relatório da Polícia Civil do Rio sobre a autoria do crime.

A avaliação dos investigadores é a de que agora estão ‘bem ilustrados’ os pormenores da execução de Marielle e Anderson, em razão da ‘riqueza de detalhes’ das declarações de Élcio de Queiroz, ex-PM que fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público estadual e entregou Ronnie Lessa, também ex-policial, como o autor dos disparos de submetralhadora que eliminaram a vereadora e o motorista naquela noite de verão de 2018.

A indicação vai de encontro com o que foi anunciado pela PF nesta segunda, 24, de que a ‘mecânica do crime’ foi completamente desvelada.

Antes de a PF divulgar a operação, o ministro da Justiça Flávio Dino ressaltou que a delação de Queiroz e os trabalhos da corporação haviam colocado a investigação ‘em um novo patamar’, com a possibilidade de se responder, eventualmente, à pergunta: “Quem mandou matar Marielle e Anderson”.

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“A ocorrência da delação premiada, com a confirmação de outros personagens, da dinâmica do crime, dos executores, permitirá esse caminho, que nós temos a convicção, a esperança - como é o nome da operação - que conduzirá aos mandantes”, frisou.

A Operação foi batizada Élpis, deusa que personifica a esperança.

Se, por um lado, os investigadores consideram que agora há ‘bases sólidas’ para identificar os mandantes do assassinatoa execução, à Justiça foram destacados os ‘percalços investigativos’. A PF ressaltou que, em uma investigação sobre homicídio, a ‘janela de oportunidade para a captação de vestígios e demais elementos de convicção é compacta’.

Nessa linha, a corporação diz ter analisado o caso Marielle como um ‘cold case’ – caso frio – argumentando que ‘amarras temporais impõem à equipe de investigação limites intransponíveis que seriam supridas caso fossem adotadas as providências necessárias em momento contemporâneo aos fatos’.

A PF apontou ‘severa limitação a novas diligências que se mostraram oportunas com o avanço dos trabalhos’.

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Os investigadores argumentaram que tiveram de buscar meios de prova ‘não triviais’ para tentar identificar mais envolvidos no caso, como a delação premiada do ex-PM Élcio Queiroz e a corroboração do relato com dados que já haviam sido levantados pelo Ministério Público do Rio ao longo do inquérito.

Como mostrou o Estadão, Élcio Queiroz fez uma série de revelações sobre o planejamento e o assassinato de Marielle e Anderson. Narrou todos os passos do crime, tanto no dia da emboscada e execução como nos dias posteriores, em que os investigados tentaram se desfazer das provas.

Revelou que a severa vigilância da rotina da vereadora teve início em agosto de 2017, oito meses antes do assassinato.

Élcio dirigiu o veículo Cobalt prata na noite do assassinato. Ele relatou sobre uma tentativa anterior, frustrada, de executar a parlamentar, o que teria deixado Ronnie Lessa irritado.

Ainda indicou o nome de quem teria arrumado, para Lessa, a arma usada no assassinato. A mesma pessoa teria sido responsável por levar a ‘missão’ de matar Marielle para o grupo. Segundo o delator, o suposto contratante do crime foi o então policial militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como “Macalé”, assassinado em novembro de 2021.

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O nome de Macalé surge em meio às ponderações da PF sobre as dificuldades nas apurações. Os investigadores qualificaram a morte de Edmilson, ‘participante efetivo nas campanas e vigilâncias que objetivaram atentar contra a vida de Marielle’, como um ‘severo golpe que a intempestividade impôs à persecução penal.

COM A PALAVRA, A POLÍCIA CIVIL DO RIO

A reportagem busca contato com a corporação. O espaço está aberto para manifestações.

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