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Policiais são absolvidos dez anos após morte de Cláudia Ferreira, baleada e arrastada por viatura

Atingida em troca de tiros entre policiais e bandidos, em operação na zona norte do Rio, Claudia Silva Ferreira, de 38 anos, foi colocada no porta-malas de uma viatura, mas compartimento abriu e ela ficou presa ao parachoque; juiz não viu ‘indícios suficientes acerca da autoria’

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Por Rayssa Motta

A Justiça do Rio absolveu os policiais militares denunciados pela morte de Cláudia Silva Ferreira. Ela foi arrastada por uma viatura em um trecho de 350 metros da Estrada Intendente Magalhães, na zona norte do Rio, após ser baleada na cabeça em uma operação contra o tráfico de drogas no Morro da Congonha, em 2014.

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O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, do 3º Tribunal do Júri, concluiu que não há “indícios suficientes acerca da autoria”.

“Os acusados agiram em legítima defesa para repelir a injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”, diz um trecho da sentença.

A decisão também afirma que os policiais “tentaram socorrer a vítima de imediato”.

Reconstituição da morte de Cláudia no Morro da Congonha, em abril de 2014. Foto: Wilton Júnior/Estadão

Respondiam pelo homicídio e foram absolvidos:

  • Rodrigo Medeiros Boaventura, comandou a operação;
  • Zaqueu de Jesus Pereira Bueno, participou da operação;
  • Adir Serrano, participou da operação e estava na viatura;
  • Alex Sandro da Silva, dirigiu a viatura até o hospital;
  • Rodney Archanjo, estava no banco do carona da viatura;
  • Gustavo Ribeiro Meirelles, participou da operação.

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Em depoimento, os policiais disseram que Cláudia foi colocada na mala da viatura porque a porta já estava aberta. Eles narraram que precisavam sair imediatamente da comunidade, enquanto se defendiam da reação de moradores, e por isso que não havia tempo de remover as armas que estavam no banco traseiro.

“Em determinado momento, quando estávamos percorrendo a Estrada Intendente Magalhães, olhei para trás e vi a porta aberta. Cláudia não estava no veículo. Imediatamente mandei a viatura parar e corri achando que ela havia caído. Percebi que ela estava presa no reboque. Coloquei ela novamente na viatura. Nesse momento já não percebi mais os sinais vitais”, narrou o policial militar Adir Serrano.

Um cinegrafista amador filmou o momento em que a mulher foi arrastada, presa no para-choque por um pedaço de roupa.

O único que será levado a júri popular é Ronald Felipe dos Santos, acusado de ser o traficante que trocou tiros com os policiais naquele dia. Ele está foragido.

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