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Opinião|Queda da China ameaça paz mundial

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convidado
Por Ney Lopes

Há fatos que passam despercebidos e quando revelados surpreendem e criam expectativas. Por exemplo, alguém poderia pensar numa China em declínio, diante do poderio demonstrado para o mundo? Pois bem, o mundo enfrenta ameaça, não de uma China poderosa, mas de uma China que está em declínio inevitável, diante da catástrofe demográfica, que continua minando as esperanças do seu futuro.

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Estudos estimam, que a taxa de fertilidade atual de um filho por mulher, levará a China ao colapso de 1,4 bilhão de pessoas, para cerca de um bilhão em 2050 e 390 milhões até 2100. A crise demográfica da China torna sombrias as perspectivas econômicas futuras.

Nas últimas quatro décadas, a China emergiu como uma potência econômica. Essa transformação levou ao aumento na expectativa de vida. Atualmente existem mais pessoas envelhecendo, enquanto menos bebês nascem. Até 2035, espera-se que 400 milhões de pessoas na China sejam maiores de 60 anos, representando quase um terço de sua população.

Em 2023, a população diminuiu em cerca de dois milhões de pessoas, mais do que o dobro da queda do ano anterior. A causa do fenômeno foi a decisão do Partido Comunista, que em 1980 implementou a desastrosa política do filho único. Essa cruel proibição de casais terem mais de um filho acelerou o declínio na fertilidade.

Em 2016, foi relaxada a política do filho único, que vigorou 35 anos. Pequim ofereceu uma série de incentivos a casais e pequenas famílias para incentivá-los a ter filhos, incluindo doações em dinheiro, cortes de impostos e até concessões de propriedade. Mesmo assim, a crise demográfica vem aumentando.

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Quase todos os países desenvolvidos e muitos países em desenvolvimento estão experimentando baixas taxas de fertilidade e envelhecimento populacional. Mas o Canadá, os Estados Unidos e alguns países compensaram o impacto através da imigração. A China não acolhe imigrantes, preferindo preservar a homogeneidade étnica de sua população majoritariamente chinesa.

A queda, a pior desde a Grande Fome da China de 1961, dá peso às previsões de que a Índia este ano se tornará a nação mais populosa do mundo. Essa tendência acelera outro evento preocupante: a China não terá pessoas suficientes para alimentar o seu crescimento, na velocidade que tornou o país motor da economia global. A escassez de mão-de-obra reduzirá as receitas fiscais e as contribuições para um sistema de pensões.

Tudo que vem acontecendo empurra a China para grave crise demográfica, que terá consequências para o mundo, ainda neste século. Inclusive, poderá conduzir a uma crescente agitação social. Pequim será capaz de conter uma população cada vez mais descontente? Ou, irá desviar a atenção, talvez tentando invadir Taiwan? A verdade é que a paz mundial pode ser ameaçada, não pela ascensão da China, mas pela queda da China.

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Ney Lopes
Jornalista, advogado, ex-deputado federal. Ex-presidente da CCJ da Câmara, ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal
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