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Quem é o Vado da Farmácia da lista de Fachin

José Ivaldo Gomes, conhecido como Vado da Farmácia, foi prefeito da cidade de Cabo de Santo Agostinho (PE), que abriga o Porto de Suape, uma das maiores obras da Odebrecht no Nordeste; A Procuradoria Geral da República pediu investigação contra Vado por repasse de R$ 150 mil durante a campanha eleitoral de 2012

Por Isadora Peron e BRASÍLIA
Atualização:

VADO DA FARMÁCIA Foto: TSE

Se destacar em uma lista com oito ministros, 24 senadores e 39 deputados federais não é para qualquer um. O ex-prefeito Vado da Farmácia, que governou Cabo de Santo Agostinho (PE), no entanto, tem chamado atenção desde que o seu nome apareceu na relação dos inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, com base nas delações da Odebrecht.

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Na terça, quando o Estado divulgou a nova relação dos nomes que seriam investigados pela Operação Lava Jato, parlamentares chegaram a brincar que a única "surpresa" era o fato de o ex-prefeito da cidade pernambucana estar na lista. De resto, os inquéritos contra ministros, senadores e deputados já eram esperados no mundo político.

A ligação entre Vado e a Odebrecht acontece porque ele foi, até o ano passado, prefeito da cidade de Cabo de Santo Agostinho, que abriga o Porto de Suape, uma das maiores obras da Odebrecht no Nordeste.

A Procuradoria-Geral da República pediu a investigação contra Vado porque a Odebrecht teria repassado a ele e ao deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) os valores de R$ 150 mil e R$ 75 mil, respectivamente, para a campanha de 2012, quando ambos foram candidatos a prefeito.

Em 2014, os dois voltaram a receber pagamentos da empreiteira que somaram R$ 750 mil a Vado e R$ 100 mil a Betinho Gomes. Em troca a Odebrecht conseguiu garantir não apenas a desoneração fiscal junto ao município, mas também privilégios em relação a um projeto imobiliário na Praia do Paiva.

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É por estar sendo investigado ao lado do deputado tucano que o processo de Vado ficou no STF e não foi enviado a outras instâncias da Justiça, como aconteceu com nomes que não têm direito ao chamado foro privilegiado.

Vado da Farmácia, que na carteira de identidade é registrado como José Ivaldo Gomes, tem 48 anos. Em 2012, quando disputou a prefeitura de Cabo de Santo Agostinho era filiado ao PSB, mas trocou a legenda pelo PTB no ano passado. O ex-prefeito é alvo de outras investigações na esfera estadual, sob suspeita de pagar supersalários aos funcionários da prefeitura. Em 2016, ele desistiu de concorrer à reeleição.

Em nota enviada a jornais locais de Pernambuco, Vado negou que tenha recebido qualquer recurso de forma ilícita para sua campanha eleitoral em 2012 e disse que não tinha nada a temer. Já o deputado Betinho Gomes afirmou que teve todas as contas aprovadas pela Justiça Eleitoral e que jamais defendeu interesses privados em detrimento do interesse público. Também disse que nunca teve encontros com os delatores Djean Vasconcelos Cruz Paul Elie Altit.

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