PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Opinião|Sob a melhor inspiração

PUBLICIDADE

convidado
Por José Renato Nalini

A calamitosa situação da educação brasileira está em todos os níveis. A incompleta alfabetização, o desapego à leitura, o abandono da linguagem escorreita convertem o Brasil numa terra de iletrados. O desconhecimento do idioma contamina as Humanidades e, especialmente, as Faculdades de Direito. Os profissionais que só têm como ferramenta a palavra, capaz de restaurar ou fulminar liberdade, honra, patrimônio e família, nem sempre sabem manejar o instrumento.

PUBLICIDADE

Em diálogo com o jusfilósofo Térsio Sampaio Ferraz, ponderamos que a 7ª edição do “OAB Recomenda” selecionou 192 faculdades. De acordo com dados do sistema e-MEC, existem no Brasil 1.896 cursos de Direito aptos a funcionar. Isso significa que apenas 10% das graduações jurídicas são recomendadas pela entidade. Ou seja: 90% delas não recebe o selo de qualidade.

Por sorte de alguns privilegiados, algumas Faculdades primam pelo ensino-aprendizado ideal. Uma delas é a mantida pelo Centro Universitário Fundação “Padre Albino”, de Catanduva.

Ali se realizou, de 30 de setembro a 25 de novembro, o segundo Curso de Direito Notarial e Registral – Temas Modernos, estudos em homenagem ao Professor Doutor José Renato Nalini. Coube-me a honra de voltar à Casa em que mereci o honroso título de “Doutor Honoris Causa”, o primeiro ofertado pela comunidade acadêmica. Agora figuro ao lado dos Insignes Mestres Térsio Sampaio Ferraz, Antonio Carlos Marcato e José Eduardo Campos de Oliveira Faria.

Esse curso mostra o quão é importante para o Brasil de hoje conhecer o funcionamento e a sistemática dos serviços extrajudiciais, a cada dia mais eficientes e modernos, antecipando-se ao próprio Poder Judiciário em adoção de estratégias e tecnologias de concretização do justo.

Publicidade

Participaram do Curso o especialista Moacyr Petrocelli de Ávila Ribeiro, dissertando sobre o Sistema Eletrônico de Registros Públicos, principalmente depois do advento da Lei 14.382/22 e o registrador Gustavo Arruda, que falou sobre o importantíssimo tema da Reurb, que abrange a política estatal da Regularização Fundiária, um dos assuntos mais importantes para a economia e para a pacificação brasileira nos conflitos de terra. Em outro módulo abordou-se o rol de novidades no Registro Civil das Pessoas Naturais, o ofício da Cidadania, a mais democrática dentre as delegações extrajudiciais, a cargo do Professor Rafael Spinola e as questões do Mercado para operadores do direito e corretores de imóveis, com a explanação do Professor Wendell Salomão.

Num terceiro módulo houve o desenvolvimento dos assuntos pertinentes ao inventário extrajudicial e questões conexas, sob os cuidados do Professor Lucas Sabbag e o sistema da adjudicação compulsória extrajudicial, desenvolvida pelo Professor Rafael Cimino.

No último encontro, o alcance e a utilização cada vez mais crescente da ata notarial foi assunto da aula do delegatário Arthur Del Guercio Neto e, finalmente, ao lado do notável registrador paranaense, ex-Desembargador paulista, José Luiz Germano, pudemos falar sobre as perspectivas promissoras para a extrajudicialização – ou desjudicialização – mediante atribuição de atos acolhidos sob a égide da jurisdição voluntária, ao confiável e exitoso setor das delegações extrajudiciais.

A supervisão do Professor Luiz Rossi garantiu o sucesso dessa iniciativa que evidenciou o interesse de muitos jovens por um conhecimento maior desse universo extrajudicial, propício a acolher vocações audaciosas, criativas e desejosas de melhorar o mundo, por meio da ampliação do sistema Justiça, ainda muito adstrito ao formalismo burocrático. Sem as amarras da administração direta, as delegações estatais são mais desenvoltas e conseguem melhores resultados.

A Fundação Padre Albino continua a absorver as lições de vida desse sacerdote que em Catanduva praticou o bem até à morte, que se doou pela causa educacional e religiosa e que ainda hoje serve como paradigma para aqueles que procuram fazer um Curso de Direito para valer, não para a mera obtenção de um diploma. Isso explica a trajetória luminosa dessa Escola Jurídica singular, que produz profissionais competentes e, acima de tudo, providos de excepcional consciência ética.

Publicidade

Convidado deste artigo

Foto do autor José Renato Nalini
José Renato Nalinisaiba mais

José Renato Nalini
Reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras
Conteúdo

As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor.
Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.