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Uma semana de mínimas históricas

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Por José Pena
Atualização:
José Pena. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

A semana no exterior foi marcada por duas circunstâncias contrastantes. De um lado, a retomada, lenta e parcial, da atividade em diversos países da Europa e em alguns estados nos EUA. De outro, dois indicadores referentes a abril deram uma amostra dramática do impacto econômico causado pela pandemia da covid-19.

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O primeiro deles foi o indicador do mercado de trabalho norte-americano. Diante da expectativa mediana que apontava para uma perda de 22 MM de vagas, os 20,5 milhões de postos de trabalho fechados obviamente não foram comemorados, mas trouxeram de alguma maneira um certo alívio. Já os PMIs globais (indicadores de atividade econômica) mostraram quedas expressivas no mês passado, com destaque para o setor de serviços, que exibiu, por larga margem, o menor valor da série em 20 anos. E mesmo que haja uma retomada nos próximos meses, tudo indica que ela será lenta e difícil para diversos subgrupos desse setor, entre eles o de turismo.

Ao longo dos últimos dias, também não faltaram indicações aqui no Brasil, da gravidade da situação econômica em meio à crise global de saúde pública. Primeiro, a produção industrial de março surpreendeu com uma expressiva queda de 9% em relação ao mês anterior, feitos os devidos ajustes sazonais. A surpresa se deve ao fato de que as medidas mais severas de restrição da mobilidade e de distanciamento social no país só foram adotadas ao final daquele mês. E os dados de abril da produção de veículos sinalizam que o declínio da atividade industrial no mês passado foi ainda mais acentuado. Segundo a ANFAVEA, associação que reúne os principais fabricantes do país, o volume de veículos produzidos em abril não chegou sequer a 2 mil unidades, o menor valor mensal registrado na série histórica, iniciada no longínquo ano de 1957.

Essa abrupta e significativa contração da atividade econômica tem como uma de suas consequências uma menor inflação. O IPCA de abril, divulgado nesta sexta-feira (8), mostrou uma deflação de 0,31%. Embora a queda dos preços dos combustíveis explique em boa medida esse resultado, eles não foram os únicos responsáveis por esse número. Basta dizer que a média dos núcleos, alguns deles excluindo os combustíveis, também exibiu uma ligeira deflação (-0,02%) no mês, fato bastante raro para esse indicador.

Em meio a esse quadro, o Copom decidiu por um corte maior da Selic que o esperado por nós e pela maioria dos agentes de mercado na reunião da última quarta-feira (06), trazendo a taxa básica de 3,75% para 3,0%. E a conjuntura econômica seguirá justificando novos cortes à frente, que podem levar a Selic ao patamar de 2% nos próximos meses.

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*José Pena é economista-chefe da Porto Seguro Investimentos

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