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'Vídeo confirma interferência na Polícia Federal', diz Moro

Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública sustenta que declarações na reunião ministerial de 22 de abril 'foram evidenciadas pelos fatos posteriores', que culminaram em sua saída do Governo Bolsonaro

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Por Fausto Macedo e Paulo Roberto Netto
Atualização:

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro afirmou que a gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril confirma ações de 'interferência na Polícia Federal' por parte do presidente Jair Bolsonaro e que as declarações ditas no vídeo vão de encontro com fatos que ocorreram dias antes e após a sua demissão.

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"O acesso ao vídeo da reunião ministerial do dia 22/4 confirma o conteúdo do meu depoimento em relação à interferência na Polícia Federal, motivo pelo qual deixei o governo. Defendo, respeitosamente, a divulgação do vídeo, preferencialmente na íntegra, para que os fatos sejam brevemente confirmados", afirmou Moro. "As declarações feitas na reunião foram evidenciadas, também, pelos fatos posteriores: demissão, sem motivo, do Diretor-Geral da PF, troca do Superintendente da PF no RJ, além da minha própria exoneração por não concordar com as mudanças".

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Foto: Dida Sampaio / Estadão

Moro acompanhou a sessão com seus advogados na manhã desta quarta, 12, em Brasília. Fontes informaram ao Estadão que durante o encontro, Bolsonaro justificou a necessidade de trocar o superintendente da PF no Rio à defesa de seus próprios filhos, alegando que sua família estaria sendo 'perseguida'. O vídeo foi dito como 'devastador' para a defesa do presidente.

Em outro momento, o presidente afirmou que não iria divulgar a 'porcaria' de um exame para o novo coronavírus sob o argumento de que isso poderia, eventualmente, levar até mesmo a um processo de impeachment.

Bolsonaro nega ter citado a palavra 'Polícia Federal' e 'superintendência' durante a reunião e garantiu que a palavra 'investigação' também não foi mencionada na reunião.

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Rio. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-superintendente da corporação no Rio de Janeiro, delegado Ricardo Saadi, afirmou que sua exoneração foi antecipada e sem justificativa clara. Ele disse que havia combinado com o então diretor-geral Maurício Valeixo em permanecer no cargo até o fim do ano passado, mas que deixou o comando em agosto de 2019.

Saadi negou ter recebido solicitações do Planalto por informações de investigações, mas até hoje não foi informado sobre as razões para sua exoneração. Segundo o que Valeixo lhe informou, no dia 15 de agosto, teria 'havido um pedido de troca de superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro', mas que 'não ficou esclarecido' a 'origem nem outros detalhes' envolvendo tal 'pedido' de substituição no comando da superintendência fluminense.

"Questionado especificamente se credita sua dispensa a alguma interferência política, afirma que os motivos não lhe foram apresentados para antecipar sua saída em agosto de 2019", apontou o depoimento.

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