PUBLICIDADE

Bolsonaro diz que carta à democracia é reação de banqueiros a Pix e suposto fim de monopólio

‘Qual a ameaça que eu estou oferecendo para a democracia?’, questionou o presidente; manifesto contra ataques ao sistema eleitoral já tem mais de 300 mil assinaturas

Foto do author Eduardo Gayer
Por Eduardo Gayer
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira, 28, que a Carta em Defesa da Democracia é uma reação dos banqueiros à criação do Pix e a um suposto fim do monopólio do setor bancário. Os mesmos argumentos já tinham sido apresentados na terça-feira, 26, pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI).

“Você pode ver, esse negócio de carta aos brasileiros, à democracia, os banqueiros estão patrocinando. É o Pix que eu dei a paulada neles, os bancos digitais também, que nós facilitamos”, declarou o presidente a apoiadores. “Estamos acabando com o monopólio de bancos. Eles estão perdendo poder. Carta pela democracia... Qual a ameaça que eu estou oferecendo para a democracia?”, acrescentou.

Arthur Lira, Ciro Nogueira e Bolsonaro na convenção do PP, em Brasília, nesta quarta-feira, 27. Foto: Wilton Junior/Estadão

PUBLICIDADE

Na terça-feira, Nogueira também afirmou que o manifesto seria resultado de medidas do Banco Central, como a instituição de transferências bancárias via Pix que, para o senador licenciado, reduzem as taxas cobradas pelos bancos e culminam em uma redução anual de receitas que chega nos R$ 40 bilhões. “Então, presidente, se o senhor faz alguém perder 40 bilhões por ano para beneficiar os brasileiros, não surpreende que o prejudicado assine manifesto contra o senhor”, escreveu no Twitter.

Como mostrou o Estadão nesta quarta-feira, 27, a queda no faturamento dos bancos após o lançamento do Pix foi inferior a 2% do lucro. Os quatro maiores do País - Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander - tiveram em 2021 seu maior lucro dos últimos 15 anos, de R$ 81 bilhões.

Organizada na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), a Carta em Defesa da Democracia é assinada por banqueiros, juristas, empresários e políticos da esquerda à direita, e visa reagir aos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro. O manifesto foi lançado na terça-feira, 26, e tem até o momento mais de 300 mil assinaturas.

Entre os signatários do documento estão Roberto Setubal e Candido Bracher (Itaú Unibanco), representantes da indústria como Walter Schalka (Suzano) e de empresas de bens de consumo como Pedro Passos e Guilherme Leal (Natura).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.