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Bolsonaro lança cartilha para candidatos em live e reforça polarização com Lula na eleição municipal

Ex-presidente promoveu transmissão ao vivo com filhos políticos e usou evento para criticar Lula e defender propostas da direita em 2024; Bolsonaro tentou vincular o agro à direita, relembrando declarações do atual presidente que desagradaram ao setor

Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou uma cartilha com bandeiras obrigatórias para apoiar candidatos a prefeito e vereador e reforçar a polarização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições municipais deste ano.

Bolsonaro se juntou a seus três filhos políticos, neste domingo, 28, para uma live nas redes sociais. A família usou a transmissão para divulgar o lançamento de um curso de preparação de candidatos conservadores, inspirado nos cursos virtuais do escritor Olavo de Carvalho, morto em 2022.

Jair Bolsonaro faz transmissão ao vivo nas redes sociais com filhos políticos Foto: @EDUARDOBOLSONAROSP via Youtube

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Às 19h50, a live registrou audiência de 443.352 pessoas assistindo, somando as redes de Bolsonaro e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho “03″ do ex-presidente. A lista de bandeiras inclui respeito à Constituição; posições contra o aborto e a legalização das drogas; liberdade de expressão e armamento da população. O valor para se tornar membro do plataforma é de R$ 297,90.

Bolsonaro abandonou o cenário amador das lives que promoveu durante o mandato no Palácio da Alvorada. Desta vez, câmeras e microfones profissionais, dos mesmos usados em podcasts na internet, mas sem intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A bandeira do Brasil seguiu sendo exposta em cima da mesa.

“Vai ter a disputa Bolsonaro versus a esquerda. Busquem aqueles candidatos que tenham referência, esses princípios, que o presidente Bolsonaro criou dentro do nosso partido”, afirmou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Na defesa dos valores da família, por exemplo, Jair Bolsonaro afirmou que “não é contra duas pessoas se amarem, mas isso não é para ir dentro da sala de aula”. Na parte da liberdade de expressão, o ex-presidente se posicionou contra o Projeto de Lei das Fake News, em tramitação na Câmara. “Você vai perder sua liberdade também”, disse à audiência.

A aposta da família Bolsonaro é formar candidatos e simpatizantes da direita para eleger políticos de oposição a Lula. O ex-presidente dedicou diversos momento da live para criticar o petista. Ele fez até uma “sugestão” ao presidente: “falar do seu governo, não ficar criticando Jair Bolsonaro”. “Parece até que o Lula vai dormir, aproveitar que ele está recém-casado, em vez de falar eu te amo, ele fala Bolsonaro, aí a live brocha.”

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Outra proposta defendida pelo ex-presidente é a defesa do agronegócio, em uma tentativa de vincular o setor à direita, em oposição ao atual governo, citando ações e declarações de Lula que desagradaram ao setor. “O que leva uma pessoa a falar que o agro é fascista? O que leva uma pessoa a facilitar ações do MST, levando terror ao campo? O que leva uma pessoa, meses depois do Parlamento votar por quase unanimidade a questão do marco temporal, o governo vetar?”

O principal foco do grupo, na palavras do ex-presidente, será nas Câmaras Municipais. A intenção é eleger o maior número de parlamentares nas cidades brasileiras. Bolsonaro usou a live para elogiar o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e mandou um “abraço” para o dirigente. Neste mês, Valdemar elogiou Lula e provocou uma crise com bolsonaristas e apoiadores do ex-presidente no partido, sendo forçado a explicar a declaração depois e renovar os laços com o ex-presidente.

Bolsonaro nega envolvimento com morte de Marielle Franco

O ex-presidente Jair Bolsonaro usou a live para negar envolvimento com a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Segundo Bolsonaro, “o mundo caiu na cabeça” dele após o assassinato. “Então, o que eu mais quero é que o fato seja elucidado. Eu nunca tive contato com a Marielle”, afirmou, declarando que circulam várias “narrativas” para vinculá-lo ao homicídio.

Bolsonaro segura papel com nome "Marielle" escrito durante transmissão nas redes sociais Foto: @EDUARDOBOLSONAROSP via Youtube

Outro a se posicionar sobre Marielle foi o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que foi colega da vereadora no Rio. Os dois tinham gabinete no mesmo andar. “A minha relação com a Marielle sempre foi muito amistosa”, disse. O ex-policial Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora e o motorista, fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) e teria citado o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Brazão como o mandante do crime, de acordo com a investigação. O acordo de colaboração não foi homologado pela Justiça.

Bolsonaro diz que 8 de Janeiro é uma ‘farsa’ para condenar ‘coitados’

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Investigado pelos atos golpistas do ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o 8 de Janeiro é uma “farsa” e contestou a afirmação que houve uma tentativa de golpe de Estado após a posse do presidente Lula.

“É uma farsa isso. Que 8 de Janeiro é esse que leva ao sofrimento inocentes, pobres coitados? Alguns depredaram, tem que pagar, como no próprio dia 8 dei uma tuitada, lamentei ocorrido”, afirmou o ex-presidente na transmissão.

Bolsonaro foi apontado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro no Congresso como um dos mentores dos atos, sendo o primeiro com pedido de indiciamento feito colegiado no relatório final. Na Procuradoria-Geral da República (PGR), ele não foi denunciado, mas é citado nas investigações.

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“Golpe de Estado sem um tiro? Sem um fuzil? E cadê as inteligências, falam tanto da inteligência, que não levantaram isso?”, questionou Bolsonaro na live.

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