FORTALEZA - A pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, subirá no palanque do governador Cid Gomes (PSB), candidato a reeleição. Mas deverá ter uma campanha com pouco empenho no Estado. Apesar de magoado com a forma que o irmão dele, o deputado Ciro Gomes, foi deixado de fora da disputa presidencial, assessores próximos dizem que Cid vai seguir a orientação do PSB nacional e, mesmo sem muita empolgação, pedirá votos para a ex-ministra da Casa Civil.
Cid, no entanto, avisou que não fala sobre o assunto até o dia 17 deste mês, quando os socialistas devem oficializar apoio à Dilma. Até lá vai ganhando tempo não apoiando ninguém e tentado costurar o mesmo arco de alianças com partidos que o elegeu em 2006.
A campanha de Dilma deverá ser conduzida por Cid e a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT). Mais por Luizianne que por Cid. É que o governador e a prefeita são parceiros, mas estão de relações estremecidas. Os dois andam se estranhando e discordado sobre alguns temas. Um deles é o local de instalação do estaleiro Promar. Cid quer que o empreendimento seja construído na Praia doTitanzinho. Luizianne não aceita por considerar a área de interesse turístico.
Outro ponto de discórdia: o vice. Cid quer manter a dobradinha com o atual vice-governador, Francisco Pinheiro, de perfil discreto.
Luizianne prefere seu ex-secretário de governo, Waldemir Catanho, aliado dela desde os tempos de militância estudantil na Universidade Federal do Ceará.
Apoio mesmo, até agora, Cid Gomes só declarou à candidatura ao Senado do deputado federal e ex-ministro das Comunicações, Eunício Oliveira (PMDB). Nome com o qual Luizianne concorda. Mas para a outra vaga de senador, a prefeita, que também preside o PT cearense, tenta impor o ex-ministro da Previdência Social, José Pimentel (PT). Cid resiste.
Prefere o do velho aliado tucano, Tasso Jereissati, que vai tentar se reeleger senador. O problema é que caberá a Tasso, nome querido pelos eleitores cearenses do interior, mas não tão bem aceito pelos da capital, pedir votos para o principal adversário de Dilma. E com o afilhado político Ciro Gomes longe da disputa, Tasso já se sente muito mais à vontade para fazer campanha para Serra. Caberá ao cacique tucano fazer com que os votos de Ciro, pelo menos no Ceará, não migrem para Dilma.
A estratégia, Tasso não esconde. Vai contrapor o empenho de Dilma e Serra quando ministros. Ele, do Planejamento no governo de Fernando Henrique Cardoso. E ela, da Casa Civil no de Lula. "Vou mostrar obra por obra que ele trouxe para o Ceará, quando era ministro do Planejamento. E vou desafiar qualquer oponente ou a outra candidata a ter cinco por cento das obras que ele trouxe para o Ceará, quando era ministro do Planejamento: Porto do Pecém, Aeroporto, Castanhão e início do Metrô", diz Tasso.
Ferido por ter sua candidatura à Presidência preterida, Ciro vai lavar as mãos. No momento, ele se dedica aos preparativos do casamento da filha Lívia Soboya Gomes, marcado para o dia dois de julho. Depois, vai ficar no Ceará trabalhando nas campanhas da ex-mulher senadora Patrícia Saboya (PDT), que ainda não definiu se disputa a reeleição ou vai para a Câmara Federal. Com cabo eleitoral forte, Dilma deverá contar mesmo é com o alto índice de aprovação do presidente Lula, que é visto por muitos cearenses como um santo, quase um Padre Cícero.