Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tirar o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A (Ceitec) do processo de privatização, a empresa agora projeta contratações de funcionários e investimento em novas linhas de produtos, mas prevê um longo caminho pela frente para não depender mais de recursos do governo federal. Conhecia como “estatal do chip do boi”, a empresa é deficitária e amargou prejuízo de R$ 160 milhões entre 2010 e 2014. A gestão afirma que o período reflete a fase de instalação da empresa, quando não havia produção e, portanto, não teria como realizar vendas.
Em entrevista à Coluna, seu atual gestor, Augusto Cesar Gadelha Vieira, estimou que a empresa ficará independente num prazo de 6 a 7 anos. Segundo ele, há recursos orçamentários previstos de R$ 110 milhões para o Ceitec e a empresa deve contratar 50 técnicos - inicialmente por contrato temporário para recompor o quadro funcional.
“No processo de liquidação que durou quase três anos o Ceitec perdeu 110 funcionários que foram exonerados. Agora só restaram 62 concursados”, relatou.
A fábrica é vinculada ao Ministério de Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), fica em Porto Alegre e atua em projetos e fabricação de circuitos integrados, chips, módulos e tags de identificação por radiofrequência. Para a retomada da produção e posicionamento estratégico de mercado, admite que será necessário fazer uma análise mais precisa do mercado. “Vamos ter de adquirir equipamentos novos mas não em grande monta. A estrutura hoje permitirá retomar algumas linhas de produtos do passado e a médio prazo ter nova linha tecnológica que possa explorar alguns mercados emergentes”, planeja.
O presidente Lula assinou decreto que autorizou a reversão do processo de liquidação do Ceitec no início desta semana. A medida era uma promessa de campanha, já que o próprio petista havia criado o Centro em 2008.
No governo Bolsonaro, a empresa entrou em processo de liquidação e funcionários sugeriram que fosse, em vez do fechamento, houvesse a privatização.