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Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia. Com Eduardo Barretto e Iander Porcella

Estudo da Câmara Legislativa pede 'vigilância permanente' sobre compra do Master pelo BRB

Controlado pelo governo do Distrito Federal, BRB comprou fatia relevante do Banco Master em negócio que chamou a atenção do mercado por alertas de operações fora do padrão do banco privado; presidente do BRB diz que operação foi técnica 

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Foto do author Eduardo Barretto

Um estudo da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pediu “vigilância permanente” sobre a compra de uma fatia relevante do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), estatal, em um negócio estimado em R$ 2 bilhões. A área técnica da CLDF também defendeu que o BRB atue com “máxima cautela institucional” no caso. Investigado pelo Ministério Público do Distrito Federal e pelo Ministério Público de Contas do Distrito Federal, o negócio anunciado no último dia 28 chamou a atenção do mercado pelo rápido crescimento do Master, além de alertas de operações do banco privado fora do padrão levados ao Banco Central (BC).

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“Recomenda-se vigilância permanente dos mecanismos de governança e controle, para que o BRB consiga colher os frutos pretendidos da operação sem descuidar da solvência, da transparência e da finalidade pública que devem nortear toda empresa estatal”, afirmou o estudo, solicitado pelo deputado distrital Fábio Felix (PSOL), concluído na última semana.

Os técnicos alertaram para o risco de a “ousada estratégia” trazer prejuízos aos cofres públicos e acrescentaram: “A aquisição do Banco Master pelo BRB, embora juridicamente possível e potencialmente benéfica em certos aspectos (ampliação do alcance do banco e fortalecimento do sistema financeiro local), deve ser implementada com máxima cautela institucional”.

BRB Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Em entrevista ao Estadão, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, afirmou que a operação foi técnica, sem ingerência política, e com a análise de carteiras e produtos do Master que representavam sinergia com os interesses do banco público. A transação ainda precisa do aval do BC e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O Banco Master multiplicou por dez seu patrimônio e quintuplicou sua carteira de crédito desde 2021. Esse crescimento foi tracionado pela oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDB) que pagam ao investidor taxas bem agressivas, muito acima dos concorrentes, de até 140% do CDI. No mercado financeiro, a instituição também é alvo de comentários por ter comprado participações de companhias em dificuldades financeiras.

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O BC foi alertado sobre as operações fora do padrão feitas pelo banco Master e apertou as regras para frear um comportamento ousado na comparação com os concorrentes. Segundo dois banqueiros ouvidos sob reserva pelo Estadão, o órgão regulador foi provocado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto (encerrada em dezembro passado), sobre a discrepância em relação às práticas tradicionais das instituições financeiras assumidas pelo Master.