O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se emocionou na noite desta sexta-feira, 6, durante a homenagem feita pelo grupo Prerrogativas à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, em São Paulo. Quando Janja se referiu aos 580 dias da prisão do petista, de abril de 2018 a novembro de 2019, Lula chorou.
Advogados do Prerrô, como é conhecido o grupo de advogados ligados à esquerda, convidaram o presidente a subir ao palco da Casa Natura Musical, ao lado da primeira-dama, para também discursar. Lula havia chegado seis horas antes de Montevidéu, onde participara da Cúpula do Mercosul. Agradeceu o convite para falar, mas recusou. “O dia é dela”, afirmou.
De pé e com olhar fixo no palco, o presidente permaneceu como espectador, no mezanino, assistindo ao discurso de Janja ao lado de ministros do governo, como Fernando Haddad (Fazenda), Ricardo Lewandowski (Justiça), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Márcio Macedo (Secretaria-Geral), além de amigos mais próximos e integrantes de tribunais.
No palco, a primeira-dama agradeceu o Prerrogativas – grupo criado para se contrapor às teses jurídicas da Lava Jato – e disse que, se não fosse o empenho dos advogados em defender Lula e a democracia – a situação teria sido muito pior. “E a gente não teria conseguido se casar”, emendou ela, com um sorriso.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) não compareceram à homenagem, batizada de “Festa da Reconstrução”. Mas a advogada Guiomar Mendes, casada com o decano do STF Gilmar Mendes, estava lá. Todos ficaram no mezanino, onde havia um imenso banner de Janja, assim como o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que parecia o tempo todo atento à segurança.
Embora muitos discursos destacassem a tentativa de solapar a democracia no Brasil e vídeos exibissem imagens dos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro não foi mencionado. “Não há dúvidas de que um golpe estava em marcha”, disse Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas, que também puxou o coro “sem anistia”.
A festa rolou até de madrugada, com shows dos cantores Maria Rita e Ivo Meirelles. O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, subiu ao palco e cantou “É preciso saber viver”, de Roberto e Erasmo Carlos, ao lado de Meirelles, enquanto, ao fundo, um painel exibia fotos de integrantes do Prerrogativas, muitos deles hoje ocupando cadeiras em tribunais.
À saída, os convidados receberam uma sacola do Prerrô com vários brindes, como uma garrafa fitness, dois macarons e cadernos de anotações com a inscrição do grupo.