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Coluna do Estadão

| Por Roseann Kennedy

Roseann Kennedy traz os bastidores da política e da economia, com Eduardo Gayer e Augusto Tenório

Toffoli ganha afago de advogados próximos ao PT em disputa por vaga no CNJ

Auxiliar de ministro do STF vai assumir relatoria de processos disciplinares contra o juiz Marcelo Bretas

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Por Daniel Haidar
Atualização:

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou o apoio do Grupo Prerrogativas para indicar um nome ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O Prerrogativas é formado por advogados próximos ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Para apoiar a candidata de Toffoli, sua chefe de gabinete Daiane Nogueira de Lira, o Prerrogativas retirou do páreo o advogado Tiago de Lima Almeida, presidente da Comissão de Direito Notarial do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ligado ao coordenador-geral do Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, Almeida já fazia campanha há meses, com apoio de caciques do PT, do PSOL, do PCdoB e do MDB. O grupo calcula que ele já tinha mais de 200 votos, de um total de 513 deputados.

Só que a entrada na disputa da auxiliar de Toffoli foi articulada na véspera da votação pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O nome de Daiane surgiu depois que Lira pediu a Toffoli e a outros ministros do STF indicações para a vaga de representante da Câmara no CNJ, que será aberta em setembro deste ano. Os advogados do Prerrogativas não tinham interesse em disputar com Daiane ou Toffoli.

“Toffoli pode ter cometido equívocos, mas teve grandes acertos nesse processo todo. Daiane também é uma pessoa próxima da gente”, diz um advogado do Prerrogativas.

Graças à articulação de Lira com líderes partidários e à ajuda do Prerrogativas, Daiane será a única candidata em que os deputados federais poderão votar para representá-los no CNJ. A votação seria na última quinta-feira, 6, mas foi adiada para agosto, após o recesso parlamentar.

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Quando chegar ao CNJ, Daiane vai assumir casos de interesse para muitos dos envolvidos na sua eleição. Isso porque ela vai assumir os trabalhos do conselheiro Mário Maia, atual representante da Câmara, o que inclui a relatoria dos três processos disciplinares abertos contra o juiz federal Marcelo Bretas, que foi responsável pela Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

Os casos de Bretas são acompanhados com atenção por uma ala do Supremo e Lira buscou aproveitar esse interesse para agradar a ministros do STF enquanto tenta derrubar um inquérito da Polícia Federal na Operação Hefesto, que poderia investigá-lo pelo suposto envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro em compras de kits de robótica. No mesmo dia em que a candidatura de Daiane foi confirmada, Lira conseguiu uma liminar para suspender essas investigações. O caso ainda será analisado pela Segunda Turma ou eventualmente pelo plenário do STF.

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