Em meio a tantas incertezas, uma certeza eu tenho: seja qual for o resultado das urnas, nós, empresários, não vamos embora para Miami, Lisboa ou Londres. Nós seguiremos aqui, criando empregos e gerando riqueza, como sempre fizemos, nos melhores e nos piores momentos da economia brasileira.
Mas, certamente, geraremos mais empregos, mais riquezas e mais tributos para financiar os necessários programas sociais se nossas vozes e anseios forem mais ouvidos e compreendidos.
Em momentos como este, cresce a exploração maniqueísta do falso binário trabalhador x empresário, quando somos duas faces da mesma moeda. Basta ver a história recente do País para constatar que trabalhadores e empresários sobem e descem juntos na gangorra da economia brasileira.
O País não pode rachar numa anacrônica luta de classes. A crise pede união. E visão. Seja quem for o eleito, a partir de janeiro ele será o presidente de todos. E uma forma segura de governar para o benefício de todos é dar melhores condições para os empresários trabalharem.
Não é fácil ser empresário no Brasil. O País tem um dos piores ambientes de negócios do mundo. Leis e regulamentos confusos e atrasados, pesado sistema tributário, crédito caríssimo, dificuldades imensas para abrir ou fechar empresas tornam a vida do empreendedor uma corrida de obstáculos.
Já o Estado brasileiro não tem mais condições de fazer investimentos por causa da falta de recursos e dos limites legais para conter deterioração ainda pior das contas públicas.
Mas o Brasil, para voltar a crescer, precisa de investimentos. E, se o governo não pode investir, quem tem de investir são as empresas. Elas são e seguirão sendo o motor do sistema produtivo do Brasil e de qualquer país.
Mesmo países com governos de esquerda sabem dessa realidade. A China comunista só cresceu depois de se abrir à iniciativa privada. Líderes empresariais como Jack Ma, da gigante Alibaba, são símbolos da nova prosperidade chinesa e do que há de mais dinâmico em sua economia. Os EUA prestigiam seus empreendedores e buscam dar as melhores condições para que trabalhem e invistam. Já na Venezuela, o governo entrou em confronto direto com o empresariado, e os resultados estão aí.
Por aqui, muitos atacam os empresários, dizendo que só pensam em ganhar dinheiro e explorar funcionários. Não é a realidade que conheço. Pelo contrário.
O Brasil é um país desigual, mas não por causa de seus empresários. Ações de e do Estado, como os crescentes privilégios das corporações e um sistema previdenciário que privilegia os mais ricos, são alguns dos principais instrumentos de concentração de renda no País hoje.
Para sairmos da crise, é preciso dar condições para que os empresários de todos os tamanhos realizem seu potencial. Empreender requer agilidade e tomada de riscos, que não são características bem exercidas pelo Estado.
O último grande ciclo de avanço socioeconômico brasileiro mostrou que empresários e trabalhadores avançam muito mais quando avançam juntos.
Os empresários não querem benesses, subsídios ou desonerações, que desequilibram a competição e são mitigadores pontuais num quadro ruim de regulações e tributos punitivos. Previsibilidade e um bom ambiente de negócios, supervisionado por um Estado justo, enxuto e eficaz, valem mais que qualquer bolsa empresário.
O Brasil precisa sair das eleições mais unido para focar no que importa: a retomada do crescimento sustentável com emprego e distribuição de renda. Criar melhores condições para os empresários, suas empresas e seus funcionários é o melhor caminho para esse objetivo. *PRESIDENTE DO CONSELHO DA PENÍNSULA PARTICIPAÇÕES
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.