EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião | Trump: tudo para os EUA, danem-se o resto do mundo e o sonho de igualdade no planeta

No discurso da cerimônia de posse, na rotunda do Capitólio, o novo presidente dos Estados Unidos disse que vai declarar emergência e jogar tropas contra imigrantes na fronteira sul com o México

PUBLICIDADE

Foto do author Eliane Cantanhêde
Atualização:

Erramos todos, os a favor, contra ou indiferentes a Donald Trump. Em seu segundo mandato, inaugurado nesta segunda-feira, 20, ele deixou claro que não quer apenas fechar os Estados Unidos e dominar o mundo, mas também explorar o universo. O céu é o limite. Para alegria e festa de Elon Musk, do X e da SpaceX, que sonha justamente com a dominação da Terra e a chegada a Marte, Trump anunciou que vai desbravar Marte e não recuou um milímetro nas suas posições, promessas e bravatas da campanha.

No discurso da cerimônia de posse, na rotunda do Capitólio, ele disse que vai declarar emergência e jogar tropas contra imigrantes na fronteira sul com o México, arrancou aplausos ao deixar claro que vai tirar os EUA de novo do Acordo de Paris, não dá a mínima para energia limpa e vai investir mundos e fundos em petróleo, gás e indústria automobilística. Não bastasse, demonstrou desdém com a diversidade e avisou: a partir de agora, os EUA serão “cegos à cor da pele” e só terão dois gêneros, masculino e feminino.

O presidente Donald Trump em sua posse nesta segunda-feira, 20 Foto: Shawn Thew/AP

PUBLICIDADE

A elite trumpista dos EUA estava em êxtase na cerimônia, que foi fechada para fugir de um frio arrasador, mas os defensores de direitos humanos, do meio ambiente, das causas de gênero e do tão sofrido grupo LGBTQIA+ no mundo afora estão em pânico. Se a maior potência se fecha nela mesma e anda de marcha a ré na preservação do planeta e em todos os avanços civilizatórios, para onde, afinal, caminha o mundo?

Trump tem muitas prioridades antes da América do Sul, mas convém que todas as Américas, inclusive a do Sul, olhem com prioridade para Trump, que prometeu deportar “milhões e milhões”, insistiu, com um ar de quem não está brincando, em mudar o nome do Golfo do México para Golfo dos EUA e tomar “de volta” o Canal do Panamá. Além de manter uma ameaça de alcance planetário: disparada da taxação das importações americanas.

Apesar de cumprimentar gentilmente Joe Biden e Kamala Harris, Trump foi duro com o governo que se encerra e lançou um novo embate. Biden concedeu centenas de indultos para alvos potenciais de Trump, Trump anunciou que vai conceder anistia para todos os criminosos que vandalizaram o Capitólio no histórico 6 de janeiro e que vai reintegrar os militares expulsos por se recusarem a tomar vacina contra a Covid e pagar todos os seus salários retroativamente.

Publicidade

Em seu conhecido estilo grandioso, Trump disse que vai interromper “o declínio” dos EUA, “devolver” a liberdade de expressão, “unificar e pacificar” o país e “nunca mais” entrar em guerras. Abriu e fechou seu discurso a la Trump: “a era de ouro dos EUA começa hoje!”. Tudo para a potência, danem-se o resto do mundo, o meio ambiente, a diversidade, os direitos humanos, os países pobres, a fome e a miséria. Logo, a sobrevivência e o sonho de igualdade no planeta.

E como o presidente Lula reagiu à posse? Em nota, cumprimentou Trump, destacou os “fortes laços em diversas áreas” entre os dois países e lembrou a cooperação baseada “no respeito mútuo e na amizade histórica”. Mais não disse nem lhe foi perguntado. Afinal, o mundo estava voltado para Washington, mas Lula estava muito ocupado com a primeira reunião ministerial do ano...

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.