O homem que aparece em um vídeo cumprimentando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes em um hotel de Nova York não é o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que atuou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Trata-se, na verdade, de Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração do Grupo Lide, formado por líderes empresariais. Furlan foi ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior também no governo petista. O ministro do STF e vice-presidente do TSE Ricardo Lewandowski também aparece nas imagens.
No vídeo, Luiz Furlan é gravado fazendo uma referência ao horário e cumprimentando Moraes. Os dois trocam algumas palavras até serem interrompidos pela mulher que grava o vídeo e passa a questionar o presidente do TSE.
Procurado, o STF não explicou as circunstâncias em que foram gravadas as imagens, mas elas começaram a circular no contexto da ida de cinco ministros do STF ao Brazil Conference, evento organizado pelo Lide em Nova York em novembro deste ano. O Tribunal confirmou que a pessoa no vídeo é Furlan, e não Dirceu. Nas imagens abaixo, é possível reconhecer o presidente do conselho do Grupo Lide.
Vídeos da Brazil Conference com painéis dos quais os ministros participaram estão disponíveis na página do Estadão no Facebook. Enquanto estiveram nos Estados Unidos, os ministros foram hostilizados por manifestantes que pediam intervenção militar e o fechamento da Corte brasileira.
A peça desinformativa se baseia em vídeo gravado por uma das pessoas que se manifestaram e critica um falso encontro de Moraes e Lewandowski com José Dirceu, condenado nos âmbitos do mensalão e da Lava Jato. Em um trecho da legenda que acompanha as imagens há a afirmação "estes são os ministros do STF, muito íntimos dos condenados por corrupção". A reportagem procurou o Grupo Lide e José Dirceu, mas não houve resposta.
O vídeo também foi checado e a alegação considerada falsa por Metrópoles, Fato ou Fake e Aos Fatos. O Estadão Verifica já mostrou em outra investigação não ser verdade que os ministros iriam para Nova York para participarem de um debate sobre "um novo governo no Brasil" na conferência. Eles falaram sobre respeito à liberdade e à democracia.
