A rendição do PT ao modelo econômico deixado por Fernando Henrique Cardoso, essencial para a eleição e reeleição de Lula, não foi total e, na fase Dilma, esteve mais vulnerável a experimentações e pressões partidárias, do que é exemplo mais cabal a crítica às privatizações como mote de sua campanha vitoriosa.
Esgotado o modelo de consumo adotado para enfrentar a crise econômica mundial de 2009, a presidente precisa desesperadamente de investimentos para viabilizar a retomada do crescimento, cuja receita impõe uma relação fluida com o capital privado, hoje o principal obstáculo a desafiar a ideologia estatizante do governo petista.
O governo passou a conviver com a realidade dos apagões, desconfiança do empresariado, ao qual acena com margens de lucros rejeitadas, má gestão (que desmistifica a presidente-gerente) e perda de capital político do partido majoritário na aliança.
Não é pouco e, se superar seus próprios demônios nesse campo, a presidente Dilma terá de conquistar um grau mais impositivo junto ao seu partido para melhorar o desempenho do seu governo e preservar os patamares de aprovação que hoje ainda a mantêm como favorita em 2014.
Seu capital está preservado, pois apesar do baixo crescimento, o nível de emprego é bom. Mas se a economia não decolar, o que vai bem tende a piorar com a estagnação. Seu principal problema é político, pois os resultados ruins são produção própria e pouco vinculados à crise externa.
E é a capacidade da presidente de superar os desafios políticos que aparecem aos candidatos visíveis, Aécio Neves e Eduardo Campos, como incógnita em 2013. O que explica a cautela e o ritmo que imprimem aos seus projetos.
No caso do governador de Pernambuco, o pragmatismo que o caracteriza indica um compasso de espera, em que mantenha acesa a chama da candidatura, sem queimar as pontes com o governo cuja base integra.
Campos sabe que o acenado apoio do PT à sua candidatura em 2018 tem porcentual zero de chance. O que pode adiar seus planos até lá é somente o êxito de Dilma em 2013, com a consequente preservação de suas invejáveis condições de reeleição registradas hoje.
Não torce contra, apenas aguarda os acontecimentos para definir seu rumo. Aécio faz o mesmo com a diferença de que será candidato em qualquer circunstância, mas o cenário econômico instável recomenda avaliação diária do melhor momento para estabelecer o tom de sua campanha E montar suas propostas em cima dos erros da adversária.