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Lula cobra de Evo solução para brasileiros ilegais

Presidente pede regularização dos 5 mil imigrantes que vivem na faixa de 50 km dentro da Bolívia

Por Julia Duailibi e VILLA TUNARI
Atualização:

Após tecer uma série de elogios ao "companheiro" Evo Morales, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem do colega boliviano uma solução a respeito da situação dos brasileiros que vivem de maneira ilegal na fronteira da Bolívia com o Acre. Durante discurso em Villa Tunari, no Departamento de Cochabamba, Lula pediu a Evo que olhasse com "carinho" a questão dos imigrantes. Pouco antes, em encontro reservado com o boliviano, ele defendera a postergação da saída dos brasileiros da região, marcada inicialmente para dezembro. "Estou seguro, companheiro Evo, de que a regularização dos brasileiros na Bolívia, sobretudo aqueles concentrados na faixa de fronteira no Pando e em Beni, também serão tratados com carinho pelo governo boliviano", disse Lula. Há mais de três anos o governo Evo anunciou a saída dos brasileiros de uma zona de 50 quilômetros a partir da fronteira com Brasil, alegando cumprimento da Constituição da Bolívia. O governo brasileiro estima que 5 mil pessoas vivam na região - na maior parte, famílias de pequenos agricultores. Foram repassados R$ 20 milhões para a Organização Internacional para as Migrações (OIM) a fim de ajudar a assentar os brasileiros que queiram ficar na Bolívia, fora da zona proibida pela legislação do país. Em seu discurso, Lula lembrou que, desde 2005, a situação de mais de 50 mil bolivianos que estavam ilegais no País foi regularizada. "Nós estamos fazendo diferente dos países ricos. Quando em julho do ano passado a crise econômica se apresentou, os países ricos começaram a culpar os imigrantes e começaram a criar leis para perseguir imigrantes latinos-americanos, africanos, brasileiros. A resposta que o Brasil deu, em vez de culpar os pobres imigrantes, foi a anistia a eles porque a crise econômica é da responsabilidade dos ricos e não dos pobres", afirmou Lula em cerimônia para assinatura de acordos com o governo boliviano, que acabou se tornando um comício pró-reeleição de Evo. Segundo comunicado conjunto, os presidentes falaram em concluir até julho de 2010 a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Fronteiriço, que reúna as demandas sociais das populações dessas áreas, bem como convocar a 1ª Reunião de Mecanismo de Coordenação e Cooperação Brasil-Bolívia. Além de acordos para financiar, por meio de recursos BNDES, uma rodovia 306 quilômetros na Bolívia, que custará US$ 332 milhões, Lula e Evo também acertaram de se encontrar daqui a 20 dias, em Corumbá, para discutir a importação de gás boliviano pelo Brasil. A compra de gás pelo País caiu 27,6%. A repórter realizou parte da viagem em avião da FAB

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