PUBLICIDADE

Lula temeu impeachment no mensalão, diz Carvalho

PUBLICIDADE

No "pior" momento do Governo Lula, durante a crise do chamado "mensalão", em 2005, a possibilidade de impeachment foi considerada "iminente" e ministros de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o aconselharam a abrir mão da reeleição para garantir, em acordo com a oposição, chegar até o final do mandato. Foi o que admitiu em entrevista à revista "Veja" o chefe-de-gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, amigo de Lula há mais de 30 anos. A proposta de acordo com a oposição, feita pelos então ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), foi deixada de lado graças à serenidade do presidente, "mesmo nos piores momentos", mandando todo mundo "trabalhar normalmente", disse Carvalho. Porém "havia muita gente convicta de que o governo tinha acabado". Além desta "famosa noite" muito difícil, outro momento "trágico" foi o do dólar na cueca, contou Carvalho, quando um petista foi preso num aeroporto com dinheiro dentro da cueca. Ao saber da história, o presidente Lula pôs as mãos na cabeça e falou: "Meu Deus, onde é que nós vamos parar?" Era "uma sucessão inacreditável de picaretagens" disse o chefe-de-gabinete do presidente. Lula, porém, nunca atribuiu problemas éticos ao PT, mas sim "às pessoas". Segundo Gilberto Carvalho, o presidente não acha que a corrupção seja uma coisa intrínseca ao PT e não passa pela cabeça dele nenhuma possibilidade de afastamento do partido, conforme a reportagem. Segundo a reportagem, Carvalho dize que Lula e seu ex-ministro da Casa Civil José Dirceu - acusado de ser mentor do "mensalão" - "não eram tão íntimos assim, nunca tiveram relação de amizade". É diferente no caso do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, e acusado de usar seu prestígio no governo para favorecer interesses privados na compra do Varig. "Aí é mais difícil porque permeia uma relação particular que ele (Roberto Teixeira) tem com o presidente", disse Carvalho. "Agora, a relação que o Roberto mantém com esse grupo que negociou a Varig é um problema dele. Se ele cobrou mais ou menos, é um problema dele. Se ele vendeu alguma facilidade, se dizia que falava por Deus, eu não posso fazer nada. Mas dizer que o governo fez alguma coisa para beneficiá-lo é uma inverdade", afirmou Gilberto Carvalho. Aposta séria O chefe-de-gabinete confirmou que o nome da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, como candidata à sucessão de Lula em 2010 é uma "aposta séria", "real". Já a idéia de um terceiro mandato "não existe". "É lógico que é muito melhor ouvir "Fica, Lula'' do que ''Fora, Lula''. Isso dá condições para ele (o presidente) fazer o sucessor, não para continuar. Carvalho disse que o presidente Lula pode até tentar voltar em 2014, mas ficar agora, "definitivamente não".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.