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Lula diz que Forças Armadas não podem fazer política e vai encontrar futuros comandantes pela 1ª vez

Presidente eleito afirma que deseja discutir “o futuro do País” com os oficiais-generais sugeridos a ele pelo próximo ministro da Defesa; encontro que ocorreria nesta sexta-feira foi postergado

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Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou nesta sexta-feira, dia 9, que não admitirá politização e ambições eleitorais no meio militar. Ao indicar seu futuro ministro da Defesa, José Múcio, Lula afirmou que não é papel das Forças Armadas tratar de política, criticou a partidarização entre militares da ativa e minimizou resistências na caserna a sua eleição.

“As Forças Armadas têm um papel constitucional, têm que cuidar da soberania nacional, defender os brasileiros de possíveis inimigos externos. As Forças Armadas não foram feitas para fazer política, para ter candidato. Quem quiser ter candidato se aposenta e seja candidato. Mas as pessoas da ativa tem uma missão nobre que é cuidar da segurança de 215 milhões de brasileiros, das nossas fronteiras e da nossa soberania”, afirmou Lula. “Tenho certeza que as Forças Armadas vão cumprir a principal missão delas, cuidar da segurança desse País.”

O presidente eleito Lula terá encontro com oficiais-generais nesta sexta-feira Foto: Evaristo Sá / AFP

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Lula disse que nos oito anos em que foi presidente manteve boa relação com as Forças Armadas e trabalhou para reequipar os militares. “Fui presidente oito anos e tive uma relação com as Forças Armadas, do meu ponto de vista, extraordinária. Eles nunca me criaram nenhum problema. Possivelmente eu tenha sido o presidente que mais recuperou as necessidades estratégicas das Forças Armadas. Nunca o Exército, a Marinha e a Aeronáutica receberam tanta ajuda de um governo como do meu”, disse Lula.

Ao apresentar Múcio, Lula não citou os nomes dos comandantes aos quais entregará a liderança das Forças Armadas. Lula afirmou que se reuniria pela primeira vez com os próximos comandantes-gerais das Forças Armadas após a partida entre Brasil e Croácia pela Copa do Mundo. Mas o encontro foi adiado.

O futuro titular da Casa Civil, Rui Costa, disse que o encontro entre Lula e os comandantes foi adiado por causa de uma visita prévia de José Múcio ao Ministério da Defesa. “Múcio pediu para adiar, ele quer estar com o (atual) ministro da Defesa antes de os comandantes estarem com o presidente (Lula). Ele pediu para o presidente a adiamento”, afirmou Costa.

Lula deseja discutir “o futuro do País” com os oficiais-generais selecionados dentro da lista dos mais antigos em cada força. A escolha se deu em conversa com o futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, um dos antecipados no anúncio de Lula.

O petista afirmou que caberá a Múcio formalizar os nomes do comandantes e levar para sua aprovação, “se aceita ou não”, os sugeridos. Mas disse confiar na seleção feita por Múcio. “Eu costumo trabalhar com relação de confiança. Se eu chamei para ser ministro, é porque confio na pessoa. Eles vão ter liberdade para fazer as coisas, até que provem o contrário. Tenho certeza que José Múcio escolherá aqueles que devem ser os melhores comandantes”, disse Lula.

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O presidente eleito afirmou que Múcio é um “grande companheiro” e que não havia ninguém mais preparado para a função. Lula disse que Múcio já conversou, antes dele próprio, com a futura cúpula militar brasileira.

Os nomes confirmados por Múcio ao Estadão são o general Julio Cesar de Arruda (Exército), o almirante Marcos Olsen (Marinha) e o brigadeiro Marcelo Damasceno (Aeronáutica). O próximo ministro escolheu o almirante Renato Aguiar Freire para assessorá-lo como chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

“Os nomes (dos próximos comandantes) foram indicados ao presidente da forma mais tradicional possível na história das Forças Armadas. Invenção de ninguém. Não há injunção política, é a regra que a Marinha gosta, que a Aeronáutica gosta, que o Exército gosta”, afirmou o virtual ministro da Defesa.

Lula viveu um impasse na relação sensível com as Forças Armadas e não conseguiu nem sequer formar um grupo de trabalho para realizar um diagnóstico do Ministério da Defesa na transição. A escolha dos comandantes visa pacificar a relação e dar início à passagem de comando de forma antecipada, já que os chefes militares nomeados por Bolsonaro indicaram desejo de deixar o cargo antes da posse. José Múcio trabalha contra essa intenção.

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