PUBLICIDADE

Maia sobre Guedes: 'Ele gera uma insegurança na sociedade e nos investidores'

Ministro da Economia afirmou para 'não se assustarem' se alguém defender um novo AI-5 em caso de radicalização de manifestações de rua no País

PUBLICIDADE

Por Renato Onofre
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou para “não se assustarem” se alguém defender AI-5 em caso de radicalização de futuras manifestações no País.Guedes ainda sugeriu que o projeto de lei do excludente de ilicitude seria uma resposta do presidente Jair Bolsonaro ao discurso de Lula.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) Foto: André Dusek/Estadão

PUBLICIDADE

“Ele (Guedes) gera uma insegurança na sociedade e, principalmente, nos investidores. Usar dessa forma, mesmo que sendo para explicar o radicalismo do outro lado, não faz sentido. Por que alguém vai propor o AI5 se o ex-presidente Lula, que acho que está errado também porque está muito radical estimula manifestação de rua? O que uma coisa tem a ver com a outra? Nós vamos estimular o fechamento do parlamento? Dos direitos constitucionais dos cidadãos como o habeas corpus como fez o AI5? É isso que estamos querendo estimular? Por uma manifestação de rua,a gente fecha as instituições democráticas?”

Mais cedo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, também criticou a fala do ministro. “O AI-5 é incompatível com a democracia. Não se constrói o futuro com experiências fracassadas do passado", afirmou Toffoli durante o Encontro Nacional do Poder Judiciário em Maceió, capital de Alagoas.

Após ser solto, o ex-presidente Lula convocou apoiadores a protestar e declarou que "um pouco de radicalismo faz bem à alma".No fim de outubro, antes de o petista ser solto, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, defendeu medidas como “um novo AI-5” para conter manifestações de rua, caso “a esquerda radicalizasse”.

“A gente tem que tomar cuidado porque a gente está usando um argumento que não faz sentido no ponto de vista do discurso. E como não faz sentido, acaba gerando insegurança em todos nós de qual o intuito por trás da utilização recorrente dessa palavra”, afirmou Maia durante evento sobre democracia e política na Câmara dos Deputados.

O Ato Institucional nº 5 foi a mais dura medida instituída pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Uma da medida foi esvaziar garantias constitucionais como o direito a habeas corpus e suspensão de direitos civis, como citado por Maia. A fala de Eduardo foi repreendida por lideranças políticas e por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente da Câmara afirmou ainda que os dois lados – governo e o ex-presidente Lula – estão estimulando uma “guerra campal”.

Publicidade

“Me dá impressão, às vezes, que os dois campos, tanto o ex-presidente Lula quanto parte do governo, ficam estimulando que as manifestações venham para as ruas e não que seja um movimento natural, que sejam estimulado pelo outro. E isso não me parece o melhor caminho”, afirmou.

Correções

Em uma versão anterior do texto, na frase "Ele (Guedes) gera uma insegurança na sociedade e, principalmente, nos investidores" lia-se segurança em vez de insegurança.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.