A pouco mais de um ano da campanha eleitoral, uma nova onda começa a se formar nos mares do centro: diante das dificuldades do PSDB, da indecisão de Luciano Huck e do naufrágio de João Amoêdo, PSD e MDB içam velas, esquadrinham mapas e consultam suas bússolas rumo a uma aventura presidencial. Se uma dessas caravelas aportará em terra firme, só 2022 dirá. Por ora, ao adotarem a opção pela candidatura própria ao Planalto, os dois partidos buscam navegar em águas menos mexidas no meio da polarização entre Lula e Bolsonaro.
Divisão... MDB e PSD sabidamente mantêm laços com Jair Bolsonaro e com Lula. Neste momento, ambos sofrem assédio dos dois lados da polarização e tentam evitar uma fragmentação de suas tripulações.
...à vista. Candidaturas próprias ajudam a evitar motins e sempre deixam escotilhas abertas para o diálogo com os petistas e com o governo federal.
Alvíssaras. Ao fim e ao cabo, há sempre a esperança de uma candidatura de centro pegar uma corrente e, com vento a favor, se viabilizar eleitoralmente.
Captain... No PSD do ex-ministro Gilberto Kassab, a empreitada presidencial atende pelo nome de Rodrigo Pacheco (MG), o presidente do Senado que pode deixar o Titanic do DEM.
...my captain. O MDB, comandado por Baleia Rossi, pensa em lançar uma mulher como candidata ao Planalto. A senadora Simone Tebet (MS) desponta bem.
Mapas. Na cartografia eleitoral, PSD e MDB ainda permanecem livres, enquanto PP, PL e Republicanos já são dados como certos na nau bolsonarista. PSB, PSOL e PCdoB devem mesmo se aboletar com Lula.
Ninho. Aécio Neves esteve com FHC. Conversaram sobre a pré-candidatura de Tasso Jereissati (CE) a presidente pelo PSDB.
Ajuda aí, pô. O PSL quer convencer José Luiz Datena a concorrer ao Planalto.
Ainda é cedo. ACM Neto, presidente do DEM, busca recompor pontes com o centro. Mas ainda há muita desconfiança quanto ao projeto do ex-prefeito. Acham que ele já está apalavrado com Jair Bolsonaro.
CLICK. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o pastor Valdomiro Santiago dava um "rolê" sem máscara pela área central de São Paulo, na última sexta-feira, 11, (Foto: Tiago Queiroz/Estadão)
Turning... Marcelo Queiroga vinha sendo elogiado por governadores até recentemente. Mas há uma crescente percepção de que ele também está caindo em descrédito. A "demissão" de Luana Araújo foi o ponto de inflexão para Queiroga.
...point. Quem conhece o histórico de fritura de ministros por Bolsonaro ligou o alerta quando ele disse esse "tal de Queiroga". A conversa do decreto contra o uso da máscara, sem pé nem cabeça, poderia ser um teste do presidente.
De novo? A leitura é de que Bolsonaro vai jogando para enquadrar ou enfraquecer o ministro.
SINAIS PARTICULARESJair Bolsonaro, presidente da República
Motor. Do senador Rogério Carvalho (PT-SE), sobre os trabalhos da CPI da Covid: "Se alguém ainda achava que faltavam provas da atuação direta de Bolsonaro em favor da teoria da imunidade de rebanho, os documentos do Itamaraty são um Fiat Elba".
Motor 2. O automóvel foi imortalizado na história da política brasileira no impeachment de Fernando Collor (1992). "Está provado o crime sanitário e Bolsonaro precisa ser responsabilizado", diz Carvalho.
PRONTO, FALEI!
No auge da falta de racionalidade e da incapacidade de construir consensos, perdemos Marco Maciel, cuja trajetória foi marcada por essas qualidades."
COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG E MARIANNA HOLANDA