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Labirintos da Política

Opinião|Autoridades enfim dão exemplo de civilidade em meio à tragédia no Rio Grande do Sul

Chefes dos Três Poderes somaram forças ao governador Eduardo Leite e a prefeitos em meio à devastação causada pelas inundações no território gaúcho

Foto do author Monica  Gugliano

O céu da segunda-feira amanheceu azul anil. O sol brilhava. Se você não olhasse para o chão, poderia ser um lindo dia de outono. Mas, não. Era mais um dia do pesadelo em que se transformou a vida dos gaúchos, desde que chuvas sem igual, desde 1941, submergiram mais da metade do Rio Grande do Sul. Só Guaíba está mais de cinco metros acima do seu nível normal. O pôr do sol, que tanto encanta os moradores da cidade que o consideram um dos mais bonitos do mundo, desapareceu.

Só restou a água fétida e lodacenta que, com diferentes velocidades, cobre ruas, avenidas, casas e já destruiu mais de 300 municípios. Eu já mal consigo ouvir os relatos de amigos e familiares que moram em diferentes pontos do Estado sobre as consequências da catástrofe climática. Cada um com sua tragédia pessoal, à qual se soma a de outros amigos e outros familiares numa corrente de desgraça e desolação.

Representantes do governo federal, Câmara, Senado e STF se uniram ao governo do Rio grande do Sul Foto: Mauricio Tonetto / Secom/Governo RS

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O centro histórico de Porto Alegre está completamente coberto pelas águas, bem como uma boa parcela dos bairros. Na região metropolitana que, é claro, em menor dimensão, se equivale em densidade populacional ao ABC Paulista, sobrou muito pouca coisa. Em Canoas, cidade com pouco mais que 300 mil habitantes, dois terços do município praticamente desapareceram e, assim, sucessivamente em outras localidades.

Desde o dia 25 de abril, as chuvas já deixaram um saldo de 85 mortos e 134 desaparecidos, segundo a Defesa Civil do Estado. Calcula-se que mais de um milhão de pessoas tenham sido afetadas e elas não param de chegar aos abrigos e alojamentos improvisados para proteger a população.

Tão cedo, não há e não haverá alento para tanta tragédia e desgraça. Por isso, chamou a atenção o exemplo de civilidade dados pelos representantes de nossos Três Poderes, que já há algum tempo, estão às turras. Ainda no domingo, o presidente Lula, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o ministro do STF, Edson Fachin, somaram forças ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Pela manhã, acompanharam o presidente na viagem ao Estado, onde se reuniram com autoridades locais para estudar o que é possível fazer para reconstruir o Rio Grande do Sul. Leite já disse que será preciso algo parecido ao Plano Marshal.

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As propostas já estão sendo encaminhadas para quem de direito. O presidente Lula enviou ao Congresso o decreto legislativo que reconhece o estado de calamidade pública, em parte do território nacional, por causa da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Enviou nesta segunda-feira (6) ao Congresso um projeto de decreto legislativo neste sentido.

Em reunião ao lado de Pacheco e Lira, no Palácio do Planalto, Lula afirmou que a proposta é para dar “celeridade para que as coisas atendam a necessidade do Rio Grande do Sul nesse momento de calamidade”. “Esse é o primeiro de um grande número de atos que vamos fazer em benefício dos nossos irmãos do Rio Grande do Sul”, afirmou. Que venham muitos outros. Só assim será possível amenizar a situação assustadora que vive o Estado.

Opinião por Monica Gugliano

É repórter de Política do Estadão. Escreve às terças-feiras

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