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'Não adianta tentar criar cizânia em torno do ajuste', diz Levy

Questionado sobre documento de fundação ligada ao PT que critica o pacote fiscal, ministro disse que plano do governo 'é vitorioso'

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Elizabeth Lopes
Atualização:

São Paulo - Um dia depois da Fundação Perseu Abramo, entidade ligada ao PT, lançar um documento com críticas à política econômica adotada no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça-feira (29), em discurso na premiação do ranking Empresas Mais, elaborado pelo Estadão, que “não adianta tentar criar cizânia em torno do ajuste”. "Tem que cortar olhando com realismo, sabendo as mudanças profundas que certas economias vão requerer. Se não é apenas espuma. Acho que o Brasil não vai aceitar nem acredita em espuma”, afirmou o ministro.

Intitulado "Por um Brasil Justo e Democrático", o documento da fundação, um centro de estudos criado e mantido pelo PT, faz críticas ao ajuste fiscal e propõe mudanças "imediatas", como a redução de juros, estabelecimento de bandas na meta fiscal, mudanças no cálculo da inflação e regulação do mercado cambial. "O ajuste não existe pelo ajuste. Não adianta tentar criar cizânia por conta do ajuste”, disse o ministro no encerramento de sua fala.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participou do evento e afirmou que é 'muito difícil os juros caírem' enquanto o ajuste fiscla não for feito Foto: Werther Santana/Estadão

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Na saída do evento, Levy foi questionado pelos jornalistas se a sua fala era uma referência ao documento petista, mas o ministro minimizou a iniciativa. "O plano do governo é vitorioso. A gente tem que ter apoio da sociedade e do Congresso para fazer isso", afirmou. “Uma casa dividida, como naquele filme do Abraham Lincoln, não subsiste. Mas uma casa com pluralidade pode ser forte”, completou.

Em sua fala na abertura da premiação - o discurso durou pouco mais de 20 minutos - o ministro também criticou o que chamou de “busca por soluções fáceis”. “O maior risco que talvez a gente tenha é a procura de soluções fáceis. Achar que mudando uma peça aqui e outra acolá vamos resolver tudo, quando há problemas que são objetivos."

O ministro ainda lembrou que, década de 1980, a combinação de choques internos com incertezas políticas teve um custo alto. “O objetivo atualmente é evitar aquele longo processo que tivemos naquela época. Nas outras crises a gente não tinha reservas internacionais como temos hoje”.

Segundo Levy, ao se acertar a questão fiscal, abre-se espaço para os juros caírem de maneira verdadeira. “Você trata também condições para ter um mercado acessível, para poder investir na infraestrutura com mais segurança. O Brasil vai crescer. Vai ser o que a presidente falou, um novo ciclo de crescimento. Temos que estar juntos para fazer isso”, conclamou o ministro.

Desde que assumiu o comando da economia no segundo mandato de Dilma, Levy tem sido alvo do PT nas ruas e no Congresso Nacional. Os atos promovidos por movimentos sociais e sindicatos em contraponto às manifestações pro - impeachment dividiram as palavras de ordem com críticas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e ao ministro da Fazenda.

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