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No duelo das redes sociais, campanhas turbinam audiências com cruzamento de aplicativos

Mais do que brigar por audiência ou festejar recordes virtuais, objetivo é fazer com que as mensagens cheguem, de fato, a quem deve recebê-las e, assim, tenham efeito prático na hora do voto

Foto do author André Borges
Por André Borges

BRASÍLIA - Mais do que ampliar a audiência nas redes sociais, as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Jair Bolsonaro têm procurado “qualificar” essas audiências, de forma que as pessoas atingidas por determinado conteúdo sejam, de fato, aquelas que sentirão o impacto da mensagem. A orientação geral é não jogar conteúdos de forma indiscriminada nas redes, mas de tentar chegar ao público certo, conforme o perfil de cada uma.

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Nesta terça-feira, às 19h, por exemplo, a campanha petista vai fazer uma live no Facebook, entre Lula e o deputado federal André Janones (Avante-MG), para tratar de temas como aumento nos preços de alimentos, do botijão de gás e do congelamento do salário-mínimo. A escolha pelo Facebook não é casual.

Por aplicativos de mensagens, como Telegram e WhatsApp, Janones tem mobilizado milhares de comunicadores digitais para atraírem audiência ao Facebook, rede social que, segundo o parlamentar, concentra um maior número de pessoas das classes sociais menos favorecidas. Ouça aqui.

Deputado André Janones resolveu fazer uma 'missão do dia' para apoiadores de Lula. Foto: Nelson Almeida/AFP

“O Facebook tem um público diferente. Ali tem muito trabalhador, gente do povo. Então, o foco ali é alcançar quem está sofrendo com as ações de Bolsonaro contra os mais pobres, quem está sofrendo com a alta no preço do arroz, quem está sofrendo com a alta no preço do feijão, do gás, quem recebe auxílio, quem está sofrendo agora com essa declaração do (ministro da Economia) Paulo Guedes, de que vai mudar os índices de correção, reduzindo assim, em termos de valor real, o salário-mínimo, as aposentadorias”, disse Janones, em envio de mensagem compartilhada com apoiadores de Lula, por meio de grupos do Telegram.

A mobilização faz parte das orientações que a campanha de Lula discutiu nos últimos dias, com o propósito de fortalecer o trabalho nas redes sociais. Na terça-feira, 18, a cúpula do PT teve reunião digital com cerca de 18 mil comunicadores digitais e discutiu sobre as formas de agir nas redes. O PT possui hoje cerca de 100 mil grupos de WhatsApp, que são usados para disseminar conteúdos estratégicos, que serão repassados ao público em geral.

Para além desses grupos específicos, a atuação de militantes como André Janones procura apoiar a disseminação “orgânica” das informações. “Ajudem a chamar para essa live, mas chamar as pessoas que realmente estão sofrendo com esse impacto, o trabalhador, o motorista do Uber, o entregador do iFood, a empregada doméstica, o trabalhador da indústria, quem tem que pegar transporte público todo dia de manhã, quem tem que ralar para colocar comida em casa”, afirmou Janones, a respeito do encontro com Lula.

Durante encontro realizado nesta semana, alguns temas foram destacados como aqueles que não podem desaparecer nesta reta final de campanha. O senador Randolfe Rodrigues (Rede), por exemplo, sugeriu que os apoiadores digitais mantenham em evidência assuntos como o “pintou um clima”, em que o presidente Jair Bolsonaro se refere a meninas venezuelanas de 15 anos como se fossem prostitutas, o que, como já foi comprovado, é mentira. Outro assunto que deve permanecer são os atos agressivos promovidos por apoiadores de Bolsonaro em Aparecida do Norte (SP), durante o aniversário da Padroeira.

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Já Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) chamou a atenção para que os comunicadores digitais publiquem e compartilhem mais relatos em primeira pessoa, dizendo as razões de votarem em Lula.

Reprodução da mensagem postada pelo presidente Bolsonaro em seu perfil no Twitter após reportagem do 'Estadão'. Foto: Reprodução/Twitter/@jairbolsonaro

Do lado de Bolsonaro, cuja campanha sempre foi marcada pela forte atuação nas redes, há preocupação com a audiência que tem sido alcançada pela base petista. Nesta semana, após Lula bater recorde de audiência no Youtube com a entrevista concedida ao Flow Podcast e 1,1 milhão de internautas simultâneos, Bolsonaro foi às redes para ironizar e publicar um meme de provocação a Lula, depois de bater o recorde do petista, com 1,7 milhão de pessoas que acompanharam sua entrevista ao Inteligência Ltda. Podcast.

A base petista já reagiu, com vídeos em que pessoas aparecem com diversos aparelhos de celular e computadores conectados à entrevista de Bolsonaro, ao mesmo tempo, como forma de ampliar a audiência, além de referência ao uso de robôs virtuais.

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