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PGR denuncia Kajuru por calúnia contra Gilmar Mendes; Moro é alvo da mesma acusação

Ambos os senadores acusaram o magistrado de corrupção e disseram que ele vende sentenças; ex-juiz reagiu à denúncia da procuradoria alegando que a ‘culpa’ é de quem editou e divulgou vídeo com suas declarações

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Por Davi Medeiros
Atualização:

A Procuradoria Geral da República denunciou o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) pelo crime de calúnia por acusações contra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a denúncia, encaminhada à Corte nesta segunda-feira, 17, pela vice-procuradora-geral Lindôra Araújo, o parlamentar disse em três ocasiões, sem provas, que o magistrado vende sentenças. O caso está sob relatoria do ministro Luís Roberto Barroso.

No início deste mês, a vice-procuradora-geral havia pedido o arquivamento do inquérito por considerar que Gilmar Mendes não havia se manifestado a favor do processo dentro do prazo legal. Agora, Lindôra afirma que a representação do magistrado chegou ao seu conhecimento somente no dia 12 de abril, mas foi apresentada em 19 de março, portanto, dentro do prazo.

O senador Jorge Kajuru disse que Gilmar Mendes é 'milionário' porque 'vende sentenças'. Foto: Pedro França/Agência Senado

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Em agosto de 2020, em entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, Kajuru chamou Gilmar Mendes de “ministro corrupto” e afirmou que o magistrado vende sentenças “a vida inteira”.

“Gilmar Mendes a vida inteira vende sentença. Esta é a realidade. Só não fala isso no Brasil quem não quer. Desculpe, mas eu fui o primeiro senador a falar isso publicamente”, disse, na ocasião, o senador.

Em outro momento do programa, Kajuru afirmou: “Ele vive de grana, o Gilmar Mendes. É ministro corrupto. Ele vende sentenças. Ele está milionário por isso”.

Em um vídeo de 2019, o senador já havia chamado o magistrado de “bandido”, “corrupto” e “canalha”:

Procurado por meio de sua assessoria, Kajuru afirmou que não vai comentar o caso.

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Moro denunciado

Também na segunda-feira, o Ministério Público Federal denunciou o senador Sérgio Moro (União-PR) pelo mesmo crime de calúnia contra Gilmar Mendes. A base da ação penal proposta é um vídeo que passou a circular recentemente nas redes sociais, no qual o parlamentar paranaense diz, em suposto tom de brincadeira, que determinada quantia em dinheiro é “para comprar um habeas corpus” do ministro.

Moro, por sua vez, alega que a fala foi tirada de contexto e que a PGR sinaliza alinhamento com uma postura adotada pelo governo federal no sentido de “cerceamento de liberdade de expressão”.

Segundo o Código Penal, o crime de calúnia (imputar crime sem provas, ofendendo a honra de terceiros) prevê detenção de seis meses a dois anos e multa.

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A PGR pede, ainda, que a pena seja aumentada três vezes com base no artigo 141 do Código Penal, que estabelece aumento de um terço se o crime de calúnia for cometido:

  • Contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal
  • Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia
  • Contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 anos ou pessoa com deficiência (Gilmar Mendes tem 67 anos).
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