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Picciani defende nomeação de ex-mulher de Cabral na Alerj

Susana Neves Cabral é citada como suposta beneficiária de esquema de desvios que levou o ex-governador à prisão; para presidente da Assembleia, função dela é 'nitidamente parlamentar'

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RIO - O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), defendeu nesse domingo, 11, a nomeação de Susana Neves Cabral, ex-mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), como assessora de seu gabinete. Segundo Picciani, o trabalho de Susana é de assessoria "nitidamente parlamentar", atuando em sua base eleitoral, e a nomeação não tem relação com Cabral.

O ex-governador está preso preventivamente, ao lado de colaboradores, incluindo a atual esposa, Adriana Ancelmo, e ex-secretários de seus governos (2007-2014). Segundo as investigações do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) de Curitiba e do Rio, o grupo teria desviado R$ 224 milhões em propinas de obras públicas.

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB). Foto: Fábio Motta/Estadão

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Citada como suposta beneficiária do esquema, Susana foi nomeada há quatro meses como assessora do gabinete de Picciani, como revelou o Estado no sábado, 10. No cargo, ela recebeu, em novembro, R$ 17.630,51: R$ 3.443,46 por cargo em comissão e R$ 14.187,05 em gratificação. O salário líquido foi de R$ 13.651,48.

"A Susana está separada do Cabral há 20 anos. Tenho uma relação com ela da campanha de 1996", disse Picciani ao Estado no domingo. 

Picciani lembrou que Susana trabalhou por oito anos como assessora do gabinete do atual vice-governador do Rio, Francisco Dornelles (PP), no Senado. Segundo o deputado, nessa época, Susana trabalhou com ele na campanha "Aezão", como ficou conhecida a articulação da ala do PMDB do Rio que, na campanha eleitoral de 2014, apoiou a reeleição de Luiz Fernando Pezão (PMDB) como governador e a eleição do senador Aécio Neves (PSDB) para a Presidência da República.

"É uma pessoa extremamente articulada, de uma família com tradição política, é filha do Dr. Gastão Neves", afirmou Picciani. A ex-esposa de Cabral é prima de Dornelles e de Aécio.

Segundo o presidente da Alerj, a função de Susana no gabinete é de assessoria "nitidamente parlamentar", atuando em sua base eleitoral. "Hoje, com toda essa confusão em que o Estado está, praticamente não consigo cumprir uma agenda política do ponto de vista do meu mandato", disse Picciani.

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Na denúncia em que pediu a prisão de Cabral, os procuradores do MPF afirmam que Susana recebeu R$ 883 mil oriundos do esquema, ao menos em 13 ocasiões, de 2014 a 2016. A denúncia não afirma que Susana tinha conhecimento da origem ilícita do dinheiro. A ex-mulher de Cabral não está entre os acusados na denúncia, mas os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio deixaram claro, em entrevista na quarta-feira, 07, que as investigações continuam e mais envolvidos poderão ser denunciados.