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Biden diz que invasão do Planalto é ultrajante; sul-americanos, europeus e China condenam ataques

Presidente colombiano Gustavo Petro sugere reunião urgente da OEA e fala em golpe de Estado. Até governo do Equador, aliado de Jair Bolsonaro, manifesta apoio a Lula e rechaça agressão aos poderes instituídos

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Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou neste domingo, 8, de ultrajantes a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal e condenou os ataques à democracia brasileira. Outros membros do governo americano, como o Secretário de Estado, Anthony Blinken, e o assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan também demonstraram preocupação com os atos terroristas em Brasília nesta tarde.

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“Condeno o ataque à democracia e à transição pacífica de poder no Brasil. As instituições democráticas brasileiras têm nosso apoio total e a vontade do povo brasileiro não será minada”, disse Biden. “Estou ansioso para continuar a trabalhar com o presidente Lula.”

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, aliado de Lula, afirmou que há em curso uma tentativa de golpe de Estado por parte de fascistas. Os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, do Chile, Gabriel Boric, e do México, Andrés Manuel López Obrador, também condenaram os golpistas, em uma demonstração de unidade política latino-americana.

Governantes e chancelarias de países europeus, como França, Portugal, Espanha e Inglaterra, além da própria União Europeia, já se manifestaram contra os ataques e em apoio a Lula. Representantes de China e Rússia condenaram os atos. Houve notas de repúdio de também de Peru, Bolívia, Uruguai, Cuba, Índia, OEA e Celac.

“Toda minha solidariedade a Lula e ao povo do Brasil. O fascismo decidiu dar um golpe”, afirmou Petro. “As direitas não conseguiram manter o pacto de não violência.”

Petro sugeriu a convocação de uma reunião de emergência da OEA. “É hora urgente de reunião da OEA se ela quer seguir viva como instituição e aplicar a carta democrática”, escreveu no Twitter.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que o governo Luta tem todo respaldo contra um ataque “covarde e vil” à democracia. “Ataque inadmissível aos três poderes do Estado brasileiro por parte de bolsonaristas. O governo brasileiro conta com todo nosso respaldo frente a esse covarde e vil ataque à democracia”, reagiu Boric, também no Twitter.

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Dois auxiliares diretos do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, publicaram manifestações a respeito dos ataques antidemocráticos. “Condenamos os ataques à Presidência da Brasil, Congresso e Suprema Corte hoje. O uso da violência para atacar instituições democráticas é sempre inaceitável. Nós nos juntamos a Lula para cobrar o fim imediato dessas ações”, disse o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.

“Os Estados Unidos condenam qualquer esforço para minar a democracia no Brasil. O presidente Biden está acompanhando a situação de perto e nosso apoio às instituições democráticas do Brasil é inabalável. A democracia brasileira não será abalada pela violência”, disse o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan.

O encarregado de negócios Douglas Koneff, atual chefe interino da representação diplomática norte-americana em Brasília, condenou a agressão ao Executivo, Legislativo e Judiciário. Segundo o diplomata, os atos são injustificáveis e a “violência não tem lugar nenhum” na democracia.

A embaixada norte-americana orientou os cidadãos do país a evitar a área da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, tomadas por golpistas e atos violentos.

O Ministério de Negócios Estrangeiros de Portugal publicou nota em que o governo condena “as ações de violência e desordem que hoje tiveram lugar em Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade”.

O presidente francês Emmanuel Macron tuitou em português: A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitadas! O presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse dar todo apoio a Lula e às instituições brasileiras.

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“Todo meu apoio ao presidente Lula e às instituições eleitas livre e democraticamente pelo povo brasileiro. Condenamos veementemente o assalto ao Congresso brasileiro e pedimos o retorno imediato à normalidade democrática”, disse o líder espanhol.

Na manhã desta segunda-feira, 9, foi a vez do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, condenar os atos golpistas. “Condeno qualquer tentativa de minar a transferência pacífica de poder e a vontade democrática do povo brasileiro”, escreveu Sunak em sua conta oficial no Twitter.

“O presidente Lula e seu governo têm total apoio do Reino Unido, e espero fortalecer ainda mais os laços estreitos de nossos países nos próximos anos”, acrescentou.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, também usou as redes sociais para manifestar preocupação com o Brasil. “Profundamente preocupado com as notícias de tumultos e vandalismo contra instituições estatais em Brasília. As tradições democráticas devem ser respeitadas por todos”, disse o representante indiano no Twitter. “Estendemos nosso total apoio às autoridades brasileiras”, acrescentou Modi, que dirigiu a mensagem a Lula.

Até mesmo governos de direita rechaçaram as ações de apoiadores de Jair Bolsonaro. A chancelaria do Equador, país sul-americano governado por Guilhermo Lasso, aliado do ex-presidente brasileiro, afirmou que o Lula foi eleito de forma legítima.

“O Equador condena os acontecimentos contra a institucionalidade no Brasil e reitera seu apoio irrestrito à democracia e ao governo eleito legitimamente”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores e Mobilidade Humana.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse que os extremistas merecem o “rechaço absoluto” da comunidade internacional e punição. Ele expressou repúdio aos ataques em Brasília e incondicional apoio a Lula diante “da tentativa de golpe de Estado que enfrenta”. Atualmente à frente do Mercosul e da Celac, ele alertou todos os países membros para que se unam contra a “inaceitável reação antidemocrática que tenta se impor no Brasil”.

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“Demonstremos com firmeza e unidade nossa total adesão ao governo eleito democraticamente pelos brasileiros liderado pelo presidente Lula. Estamos junto ao povo brasileiro para defender a democracia e não permitir nunca mais o regresso dos fantasmas golpistas que a direita promove”, escreveu o presidente argentino.

“A democracia é o único sistema político que garante a liberdade e nos obriga a respeitar o veredito popular”, afirmou Fernández. “Quero expressar meu repúdio ao que está acontecendo em Brasília. Meu incondicional apoio e do povo argentino a Lula frente à tentativa de golpe de Estado que está enfrentando.”

O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou nesta segunda-feira, 9, que a China “se opõe firmemente ao ataque violento” contra as sedes dos três poderes no Brasil. Wenbin disse ainda que Pequim apoia as medidas tomadas pelo governo do Brasil. Ele também referiu-se ao país como um “parceiro estratégico”. “Acreditamos que, sob a liderança do presidente Lula, o Brasil manterá a estabilidade nacional e a harmonia social”, concluiu.

A Rússia também condenou nesta segunda os atos golpistas de domingo, afirmando que “apoia plenamente” o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. “Condenamos firmemente as ações dos instigadores dos tumultos e apoiamos plenamente o presidente brasileiro Lula da Silva”, declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

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