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Presidente de torcida do São Paulo diz que Anielle se desculpou e pede demissão de assessora

‘Baby’, que coordena a torcida Independente do clube, disse que a ‘maior resposta’ que ministra pode dar é ‘demitir essa cidadã racista’; presidente do SPFC também recebeu pedido de desculpas

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Foto do author Isabella Alonso Panho
Por Isabella Alonso Panho
Atualização:

O presidente da torcida Independente do São Paulo Futebol Clube (SPFC), Henrique Gomes de Lima, conhecido como “Baby”, disse que a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ligou para ele nesta terça-feira, 26, pedindo desculpas. “De bate pronto eu já falei para ela: a maior resposta que eles têm que ter agora é estar demitindo essa cidadã racista, preconceituosa, que comparou a torcida do São Paulo Futebol Clube com Hitler, racista”, disse Lima nas redes sociais.

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Julio Casares, presidente do Clube, também foi procurado pela ministra para um pedido de desculpas. Ele disse que Anielle Franco “explicou quais medidas serão tomadas” e que aguarda “com urgência, as providências cabíveis”. Ele destacou ações do time de combate ao racismo e classificou a publicação feita pela assessora da ministra como “ultrajante”.

A ministra usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir à final da Copa do Brasil no Estádio do Morumbi, em São Paulo, no último domingo, 24. As assessoras dela publicaram nas redes sociais fotos e vídeos debochando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com quem a ministra assinou um protocolo de ações antirracistas no esporte.

Uma das assessoras, Marcelle Decothé, publicou uma foto da torcida do São Paulo com os dizeres: “torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade... pior de tudo pauliste”, usando os adjetivos em linguagem neutra. É a essa publicação que Baby se refere.

De acordo com ele, na ligação que recebeu da ministra, ela disse que ia se reunir com a primeira-dama Janja Lula da Silva para decidir quais providências tomar. “Esperamos uma resposta e deixamos bem claro que é sem cunho político, sem esquerda, sem direita, sem centrão. (...) Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos e ficar em cima disso”, disse o presidente da torcida.

Anielle Franco foi ao estádio do Morumbi para assinar um protocolo de ações antirracistas com a CBF Foto: Reprodução/Instagram/@aniellefranco

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Ministério da Igualdade Racial questionando sobre essa reunião com a primeira-dama e sobre o destino de Decothé, mas não houve retorno até o momento. Na segunda-feira, 25, a pasta emitiu uma nota dizendo que ia investigar internamente o caso.

Anielle Franco disse nas redes sociais que as críticas recebidas pelo uso do avião da FAB são “violência política de gênero e raça” e “tentativa de implodir” seu trabalho à frente da pasta. “Não são ataques a este ministério ou a mim, mas ao povo brasileiro”, escreveu a ministra. Ela ainda não se manifestou sobre as assessoras.

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Além da publicação em que Marcelle Decothé fala da torcida do São Paulo, o Estadão revelou outros prints de publicações feitas por ela. “30 segundos de diálogo com a CBF, já viraram patriotas. Prontas pro cancelamento”, escreveu em uma foto na qual aparecem Rithyele Dantas, chefe da assessoria de comunicação de Anielle Franco, e Luna Costa.

Assessoras de Anielle Franco debocham da CBF em voo da FAB  Foto: Instagram/Reprodução

Em outra publicação, Luna Costa postou fotos de Decothé. Em uma delas a assessora abre uma camisa do Flamengo no meio da torcida do São Paulo e, na outra, aparece correndo com uma pasta de documentos do governo federal. Ali estaria o documento do protocolo que a ministra viajou para assinar.

“Realidade - derrota do Flamengo + saindo andando com o protocolo de intenções do Gov Federal na mão + tentando achar transporte + gás lacrimogêneo + olho e boca ardendo”, escreveu Luna Costa na imagem em que Marcelle Decothé aparece correndo com a pasta.

Assessora de Anielle Franco posa com documento do governo Foto: Instagram/Reprodução

O caso repercute nas redes sociais. Usuários do X (antigo Twitter) subiram as hashtags (símbolo #, usado para reunir publicações que tratam do mesmo assunto) “racista”, “fora Anielle Franco” e “safade”, que juntas têm 51,2 mil postagens.

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