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Bolsonaro chama ativista Greta Thunberg de ‘pirralha’

Principal nome da causa ambiental na atualidade, sueca de 16 anos disse que índios do Brasil morrem ao defender florestas

Por Mateus Vargas
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro chamou nesta terça-feira, 10, a ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos, de “pirralha”, ao responder a uma pergunta sobre o assassinato de dois indígenas no Maranhão. No domingo, Greta – um dos principais nomes na articulação contra os efeitos das mudanças climáticas no mundo – disse que os povos indígenas do Brasil estão sendo assassinados por proteger as florestas. 

“Qual o nome daquela menina lá, lá de fora? Tabata, como é? Greta. Já falou que índios estão morrendo porque estão defendendo a Amazônia. Impressionante a imprensa dar espaço para uma pirralha dessa aí, uma pirralha”, disse Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada, onde costuma parar para fazer selfies com apoiadores e falar com a imprensa.

O presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto Foto: Adriano Machado/Reuters

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Horas depois, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros disse que, “do ponto de vista gramatical”, a declaração de Bolsonaro “não foi inadequada”. “Sob ponto de vista gramatical, presidente não foi inadequado ou descortês com Greta”, afirmou. “Ela é uma pirralha: é uma pessoa de pequena estatura e é uma criança.”

Em resposta à declaração de Bolsonaro, Greta trocou a descrição em sua conta oficial no Twitter para “pirralha”. A ativista já havia alterado seu perfil em outras ocasiões, quando foi ironizada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e criticada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. 

No início da noite, ao falar novamente com jornalistas, Bolsonaro voltou a usar o termo para definir Greta. “Não quero nem discutir o assunto dessa pirralha, não”, disse Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada, logo após perguntar a idade da ativista. “Pelo amor de Deus. Vou dar ouvido (a ela)?”, declarou.

Greta Thunberg, ativista sueca de 16 anos Foto: Johannes Eisele/ AFP

No domingo, Greta comentou o duplo assassinato de indígenas da etnia Guajajara após atentado a bala às margens da BR-226, no município de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão (500 quilômetros ao sul da capital São Luís). “Os povos indígenas estão sendo literalmente assassinados por tentar proteger as florestas do desmatamento. Repetidamente. É vergonhoso que o mundo permaneça calado sobre isso”, escreveu a ativista, que compartilhou nas redes sociais uma notícia da Al-Jazira sobre as mortes ocorridas no Brasil.

Na segunda-feira, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, autorizou o uso da Força Nacional para atuar na Terra Indígena Cana Brava Guajajara, no Maranhão.

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Ao falar sobre o assassinato dos indígenas, Bolsonaro afirmou ser contra crimes ambientais e que “qualquer morte” preocupa o governo. “Temos de cumprir a lei. Somos contra o desmatamento ilegal, somos contra queimada ilegal. Tudo o que for contra a lei, somos contra.” / COLABOROU EMILLY BEHNKE

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