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Sem-terra invadem, depredam e deixam feridos na Câmara

O chefe da segurança, Normando Fernandes, está na UTI com afundamento craniano frontal esquerdo e edema cerebral. Ele foi atingido por uma pedra

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Por Agencia Estado
Atualização:

Integrantes do Movimento pela Libertação dos Sem-Terra (MLST) invadiram e depredaram, na tarde desta terça-feira, a Câmara dos Deputados. O coordenador de Apoio Logístico do Departamento de Polícia Legislativa (Depol), Normando Fernandes, está na UTI com afundamento craniano frontal esquerdo e edema cerebral. Outros 24 também ficaram feridos. 545 integrantes do movimento foram presos, entre eles seis lideranças. Bruno Maranhão, que comandou a invasão é dirigente do PT. Os presos foram recolhidos ao ginásio Nilson Nelson, onde ficaram sob custódia da Polícia Militar do Distrito Federal para serem identificados. Os que estiveram à frente dos atos de vandalismo poderão ser processados por tentativa de homicídio, danos ao patrimônio público e formação de quadrilha. Vinte e seis seguranças saíram feridos do confronto. Eles estavam em menor número. Foram alvo de pedradas, pauladas e socos. O Coordenador de Logística do Departamento de Polícia (Depol) da Câmara, Normando Fernandes, foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, depois de ter sido atingido por uma pedra. Outro agente de segurança quebrou a perna ao ser jogado de uma altura de cerca de três metros próximo a escada rolante que dá acesso à entrada do subsolo do Anexo 4. De acordo com informações da Secretaria de Comunicação da Câmara, dos 26 feridos atendidos pelo serviço médico, dois eram manifestantes e os demais seguranças. Segundo o MLST, o grupo veio a Brasília para reivindicar a revogação da medida provisória que impede a vistoria em terras ocupadas e mais dinheiro para reforma agrária. Segundo ele, os manifestantes vieram da Bahia, de São Paulo e Minas Gerais. Vandalismo Os sem-terra destruíram um automóvel Uno no estacionamento do anexo 2, quebraram a porta de vidro e depredaram vários equipamentos, como os postos informatizados de atendimento ao público. Enquanto se dirigiam para o plenário da Casa, os manifestantes quebraram vasos de plantas, painéis e maquetes da exposição. No plenário, o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), avisou que iria negociar com os manifestantes enquanto eles não se retirarem do prédio. "Vou mandar prender todos. De preferência, pelos seguranças da Casa", afirmou. Aldo conversou rapidamente o líder Bruno Maranhão, e avisou que não haveria negociação enquanto a Câmara estivesse ocupada, além de avisar que tinha dado a ordem para que todos fossem presos. Após ser informado sobre a ordem de prisão, Maranhão pediu para que os manifestantes deixassem a Câmara e se concentrassem em frente ao prédio do Congresso. Em frente ao prédio do Congresso, policiais da Câmara prenderam Bruno Maranhão, que passou mal e caiu no chão. Maranhão foi abordado por oito policiais da Câmara que lhe deram ordem para acompanhá-los. Ele se negou a obedecer a ordem dos policiais e foi agarrado por um dos agentes, que o dominou com uma "gravata". Os policiais começaram, então, a carregar Maranhão até um veículo do serviço de segurança. Foi quando Maranhão começou a passar mal e caiu no chão. Os policiais chamaram uma ambulância. Dissidência O MLST é uma dissidência do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem-terra. Atua principalmente no Estado de Pernambuco. Surgiu em agosto de 1997 e é formado por militantes de esquerda e por ex-lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O movimento tem representantes em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Maranhão. O movimento tem melhor organização no estado brasileiro de Pernambuco. O movimento já invadiu, em abril do ano passado, o Ministério da Fazenda, em Brasília. A ocupação também foi comandada por Bruno Maranhão. Cerca de 1.200 manifestantes tomaram todos os andares do prédio, reivindicando a liberação de recursos para a reforma agrária. Depois de seis horas de ocupação o grupo deixou o prédio. Conseguiu apenas a promessa de uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário.

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