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Supremo ouve seis em processo contra Zambelli e hacker por invasão aos sistemas do CNJ

Walter Delgatti Neto e a deputada, que nega as acusações, serão ouvidos na quinta; em maio, a Primeira Turma do STF os tornou réus por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica

Foto do author Wesley Bião

O Supremo Tribunal Federal (STF) ouve nesta segunda-feira, 23, seis pessoas ligadas ao processo contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o hacker Walter Delgatti Neto, réus pela invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro de 2023. Os depoimentos da deputada e do hacker estão previstos para esta quinta-feira, 26.

Estão sendo ouvidos nesta segunda Renan Cesar Silva Goulart, que trabalhou com Bruno Zambelli (PL), deputado estadual por São Paulo e irmão de Carla; Thiago Eliezer Martins Santos, já condenado pela invasão de aparelhos de autoridades, conhecida como ”Vaza-Jato”; Jean Hernani Guimarães Vilela de Sousa, assessor da deputada do PL; Rosfran Lins Borges, servidor do CNJ; Cristiane de Brum Nunes Marim e Luan Rocha Brito, que não tiveram suas funções informadas.

Primeira Turma do STF tornou deputada e hacker réus por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, em maio Foto: Reprodução/Instagram/Carla Zambelli

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Em maio, a Primeira Turma da Suprema Corte aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e, por unanimidade, tornou Zambelli e Delgatti réus por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. “Há indícios de autoria e comprovação de materialidade”, disse o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.

Na ocasião, os ministros decidiram que havia elementos mínimos para a abertura da ação penal. O relatório final da Polícia Federal (PF) apontou que os documentos apreendidos com Carla Zambelli correspondiam, integral ou parcialmente, aos arquivos inseridos pelo hacker no sistema do CNJ, o que para os investigadores comprovaria seu envolvimento no esquema. Para a PF, o ataque foi planejado para colocar em dúvida a credibilidade do Judiciário.

Entre os documentos mencionados estão o falso mandado de prisão contra Alexandre de Moraes e um recibo de bloqueio de R$ 22,9 milhões em bens do ministro. O valor corresponde à multa imposta por Moraes ao PL por questionar as urnas eletrônicas nas eleições de 2022. Havia ainda uma ordem, também falsa, para quebrar o sigilo bancário do ministro.

Em depoimento à PF, Delgatti confessou o crime. Ele narrou que teria recebido R$ 40 mil da deputada para invadir o sistema do Judiciário e entregou os comprovantes de transferências, que somaram R$ 10,5 mil, feitas por um ex-assessor da parlamentar. O restante do dinheiro teria sido entregue em espécie, em São Paulo. A PF desmontou parte do depoimento, afirmando que os pagamentos foram para comprar garrafas de uísque.

As únicas mensagens encontradas entre Carla Zambelli e Walter Delgatti são sobre Moraes. A deputada enviou dois áudios pedindo o endereço do ministro. Ela alega que sua mãe queria enviar uma carta ao magistrado.

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“Minha mãe tinha escrito uma carta para o Alexandre de Moraes e queria entregar essa carta. Eu disse para não mandarmos para o STF para evitar pegar mal, e ela disse que o certo era enviar para a casa dele”, disse a congressista ao portal G1.

A defesa do hacker afirmou que manterá, no depoimento de quinta-feira, o que foi dito à PF durante as investigações. Já a defesa da deputada diz que “inexiste qualquer prova efetiva que ela tivesse de alguma forma colaborado, instigado e/ou incentivado o mitômano Walter Delgatti a praticar as ações que praticou” e que sua narrativa a acusando foi desmentida pela própria investigação. “A defesa irá exercer sua amplitude para demonstrar que ela não praticou as infrações penais pelas quais foi acusada”, acrescentam os advogados de Zambelli.

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