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Os bastidores do Planalto e do Congresso

PSDB chama Andrea Matarazzo para retornar a ninho tucano e concorrer à Prefeitura de São Paulo

Cúpula nacional sonda ex-ministro de FHC e ex-vereador, que foi filiado ao partido durante 23 anos e saiu após se desentender com Doria, em 2016

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Por Vera Rosa
Atualização:

A cúpula do PSDB quer lançar candidato próprio à Prefeitura de São Paulo, no ano que vem, e já sondou até mesmo um nome para a disputa. Trata-se do ex-vereador Andrea Matarazzo, que deixou o PSDB em 2016, após 23 anos de filiação e um ruidoso embate com a ala do partido que indicou João Doria como candidato.

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Matarazzo está no PSD de Gilberto Kassab, secretário de Governo na administração de Tarcísio de Freitas, mas parece interessado em retornar às fileiras tucanas para concorrer novamente à Prefeitura. Tanto é assim que terá novas conversas com dirigentes do PSDB neste mês de novembro.

Em 2020, Matarazzo foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PSD e ficou em oitavo lugar. Antes, em 2016, concorreu a vice na chapa liderada por Marta Suplicy, que havia rompido com o PT e à época estava no MDB. Hoje sem partido, Marta é secretária de Relações Internacionais da Prefeitura.

Andrea Matarazzo deixou as fileiras tucanas em 2016, mas pode retornar ao partido para ser candidato à sucessão de Ricardo Nunes. Foto: NILTON FUKUDA/ESTADÃO

A bancada municipal do PSDB trabalha para apoiar a campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) a novo mandato, mas uma resolução aprovada recentemente pelos tucanos determina o lançamento de candidatos próprios em cidades com mais de 100 mil habitantes. O comando nacional do PSDB vai insistir no cumprimento desta ordem ao menos no chamado “Triângulo das Bermudas” (São Paulo, Rio e Belo Horizonte).

Desde sua fundação, o PSDB apresenta candidatos na capital paulista. Ganhou a Prefeitura com José Serra (2004), João Doria (2016) e Bruno Covas (2020). Nunes era vice de Covas, que morreu em maio de 2021.

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Leite intervém e dirigentes brigam na Justiça

Não é de hoje, porém, que o PSDB enfrenta uma crise de identidade sem precedentes e vem definhando pouco a pouco. No ano passado, sofreu uma grande derrota ao perder o governo de São Paulo, após 28 anos no Palácio dos Bandeirantes.

Atualmente, várias alas do tucanato se engalfinham com ações na Justiça. O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, suspendeu a convenção estadual do partido, que ocorreria no domingo passado. Governador do Rio Grande do Sul, Leite determinou, ainda, que uma comissão provisória assuma o PSDB de São Paulo e marque novo encontro para abril de 2024.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, preside o PSDB e destituiu comandos do partido em São Paulo. Foto: PSDB/Divulgação

Antes, o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, também havia sido afastado, após desobedecer à cúpula do partido e realizar uma convenção à revelia do comando nacional, reelegendo-se para o cargo.

Leite, então, interveio no diretório. Para o lugar de Alfredo, ele escolheu Orlando Faria. Ex-secretário municipal da Habitação, do Turismo e da Casa Civil, Faria escreveu uma carta pública a Ricardo Nunes, em abril, na qual faz críticas fez duras críticas a ele.

“(...) Dedique-se menos às articulações eleitorais, como vemos quase que diariamente na imprensa e cumpra o Programa de Metas 2021-2024 da Gestão Bruno Covas, um legado construído em conjunto com a sociedade”, disse Faria ao prefeito. “Ou, pela falta de ousadia e de competência, revele-se para os eleitores. E assuma as consequências futuras de descumprir um compromisso público dessa magnitude.”

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Todos os destituídos por Leite são ligados ao grupo do ex-governador João Doria, que deixou o PSDB após recuar de sua pré-candidatura à Presidência, no ano passado, emparedado pelo próprio partido. O grupo pretende ir à Justiça contra o governador gaúcho. Leite, por sua vez, também apresentou recurso para tentar reverter uma decisão judicial que considerou irregular sua reeleição à presidência do PSDB.

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É nesse cenário de crise que Andrea Matarazzo avalia a conveniência de retornar ao ninho tucano para ser candidato. Com vasta experiência na administração pública – de presidente da CESP a ministro-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Fernando Henrique Cardoso, passando por várias secretarias municipais e estaduais –, Matarazzo pode tentar marcar posição na corrida à Prefeitura.

Desde o ano passado, quando o PSDB desistiu de apresentar concorrente na disputa presidencial, os poucos tucanos históricos que restaram no partido têm repetido a seguinte frase: “Para time que não entra em campo a torcida não desfralda a bandeira.” Mas será que essa máxima vale mesmo em tempos de guerra?

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