Em 2012, Russomanno perdeu cinco pontos entre a pesquisa de véspera e a urna. Acabou fora do segundo turno. Desta vez, o candidato do PRB apresenta a mesma trajetória, tanto no Ibope quanto no Datafolha. Cada ponto que ele perde vai para seus adversários diretos pela vaga no turno final. Conta dobrado.
Dos três candidatos que disputam a segunda vaga no segundo turno, Haddad apresenta a tendência mais forte de crescimento no Datafolha. No Ibope, o atual prefeito e Marta descrevem trajetória semelhante. A pesquisa do Datafolha foi feita na sexta e no sábado. A do Ibope, ao longo dos últimos três dias.
Além das diferenças de aceleração entre os candidatos, há um outro fator de incerteza que as pesquisas de véspera não captam: a chance de eleitores que declaram voto em Luiza Erundina (PSOL) mudarem sua escolha na última hora. O PT faz campanha para eles votarem "útil" em Haddad para evitar um segundo turno sem um candidato de "esquerda". Do mesmo modo, o PMDB faz campanha pelo voto "útil" em Marta para evitar um Doria x Russomanno.
Finalmente, há a possibilidade de erro por parte do eleitor. Na eleição para o governo paulista em 1998, o Datafolha calculou que mais de 10% dos eleitores de Francisco Rossi não conseguiram transformar sua intenção em voto na urna eletrônica - principalmente por desconhecerem seu número. Desta vez, o problema é que muitos eleitores de Marta - que sempre digitaram 13 para votar nela - não sabem que seu novo número é o 15.
Juntas, essas quatro variáveis multiplicam o grau de incerteza e impedem qualquer previsão. Se não bastasse isso, ainda há diferenças muito grandes entre os números do Ibope e do Datafolha: variam de nove pontos no caso de Doria (35% e 44% dos válidos, respectivamente), a um ponto no caso de Haddad (15% e 16%), passando por sete pontos no caso de Russomanno (23% e 16%) e cinco pontos no caso de Marta (19% e 14%, respectivamente).