Caso Gritzbach: Polícia investiga dois traficantes suspeitos de mandar matar delator do PCC

De acordo com o DHPP, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi executado por policiais militares contratados por Ademir Pereira de Andrade e Emílio Carlos Castilho. Investigação também já tem o nome do segundo atirador

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Foto do author Marcelo Godoy
Atualização:

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga dois traficantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) suspeitos de mandar matar o delator da facção, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach. O empresário foi executado no dia 8 de novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Segundo apurado pelo Estadão, os policiais militares envolvidos no crime foram contratados por Ademir Pereira de Andrade e Emílio Carlos Castilho, o Cigarreiro, ambos traficantes da facção. O PCC teria oferecido R$ 3 milhões pela morte do delator. Dois oficiais foram presos apontados como executores do crime. De acordo com as investigações, um terceiro PM seria o segundo atirador.

Delator do PCC foi executado no Aeroporto de Guarulhos no dia 8 de novembro de 2024. Foto: Italo Lo Re /Estadao

Tenente preso era amigo de delator

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O tenente Fernando Genauro da Silva, preso na manhã deste sábado,18, suspeito de dirigir o carro usado na execução, era amigo de Gritzbach. Ele frequentava a casa do delator e conhecia o filho da vítima. Para o DHPP, Silva traiu a confiança da família do empresário. O tenente foi identificado com base em dados de geolocalização, que o colocaram na cena do crime após a polícia receber uma denúncia contra ele. A reportagem tenta contato com a defesa de Genauro da Silva.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, o PM foi preso por policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no Jardim Umuarama, em Osasco, em cumprimento a um mandado de prisão temporária. O suspeito foi conduzido à sede do DHPP e será encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes (PMRG).

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A Polícia Civil também acredita que uma parte dos policiais que fazia a escolta de Gritzbach está envolvida no assassinato. A suspeita recai sobre o grupo por conta do suposto defeito que a Amarok de Gritzbach teve no dia do crime. O veículo era usado para a segurança pessoal do delator. O problema teria sido simulado ou o carro, sabotado.

Semana foi marcada por ação da Corregedoria e prisões

Na sexta, 17, um estudante de Direito suspeito de ter auxiliado na fuga de um dos olheiros do PCC foi preso. Marcos Soares Brito, de 23 anos, foi encontrado no Tatuapé, zona leste da capital paulista. Ele teria colaborado com Kauê Amaral Coelho, de 29 anos, apontado como olheiro do PCC. Também na sexta, foi detida a modelo Jackeline Moreira, de 28 anos, tida como namorada de Kauê.

Na quinta-feira, 16, um homem suspeito de ser um dos atiradores, um policial militar da ativa, de 40 anos, foi preso em operação da Corregedoria da PM. Outros 14 agentes também foram presos na operação, incluindo dois tenentes. Eles integrariam um esquema de escolta para Gritzbach. Todos os policiais tiveram a prisão mantida nesta sexta após passar por audiência de custódia.

Quem era o delator Antônio Vinícius Gritzbach?

Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção na região do Tatuapé, zona leste paulistana.

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Sua trajetória está associada à chegada do dinheiro do tráfico internacional de drogas ao PCC. Ele fechara acordo de delação premiada em abril do ano passado. Em reação, a facção pôs um prêmio de R$ 3 milhões pela sua cabeça.

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Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Vinícius Gritzbach foi demitido pela empresa em 2018.

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Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.

Para a polícia, Gritzbach havia sido responsável por desfalque em Cara Preta de R$ 100 milhões em criptomoedas e, quando se viu cobrado pelo traficante, decidira matá-lo. O empresário teria contratado Noé Alves Schaum para matar o traficante.

O crime foi em 27 de dezembro de 2021. Além de Cara Preta, o atirador matou Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, segurança do traficante. Conforme as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022, julgado pelo tribunal do crime e esquartejado por um criminoso conhecido como Klaus Barbie, referência ao oficial nazista que atuou na França ocupada na 2ª Guerra, onde se tornou o Carniceiro de Lyon.

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