MONTE VERDE. Foto: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão

Um toque europeu, com sabor de Minas: o melhor de Monte Verde, a menos de 3h de SP

Com carinha de cidade, distrito de Monte Verde oferece diversas opções de passeio e adora celebrar suas origens

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Foto do author Ana Lourenço
Por Ana Lourenço
Atualização:

Não tem como pensar em Minas Gerais e não salivar. Queijos, cafés, doces em calda, feijão tropeiro. O Estado se destaca pela sua culinária deliciosa. E isso não é diferente em Camanducaia, mais especificamente no distrito de Monte Verde, conhecida como ‘Suíça brasileira’, que dá um toque europeu para as delícias mineiras.

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Basta caminhar na Avenida Monte Verde, a principal da cidade, recheada de casinhas de madeira com arquitetura de estilo alpino e flores espalhadas nas ruas, para comprovar isso. Por ali, cada esquina conta com um estabelecimento gastronômico que oferece opções de fondues a strudels para os visitantes - em muitos deles, amostras grátis são distribuídas para que a vontade seja ainda maior.

Na Fábrica de Chocolate Gressoney, por exemplo, aberta em 1978, é possível conhecer as duas especialidades exclusivas da casa: a sopa de morango (um doce grande, que vale a pena ser compartilhado, com uma espécie de pasta de morango, chocolate derretido e sorvete) e a Prímula (bolacha que lembra um alfajor).

É preciso planejar a visita durante os dias de funcionamento da fábrica (ver abaixo). Dê um pulo também na Fritz Cervejaria Artesanal para aprender sobre o processo da produção da bebida e degustar o resultado.

E entre comilanças, não se esqueça de visitar as lojinhas de artesanatos típicos da cidade. Em muitas delas, você encontrará a arte Bauer, técnica folclórica original da Alemanha que retrata a natureza de forma simples, com flores, arabescos e pássaros em cores vibrantes. Desde 2009, o estilo é reconhecido como patrimônio histórico e cultural local.

Separe um bom tempo para passear na Avenida principal de Monte Verde Foto: Felipe Rau/Estadão

“Normalmente quem visita Monte Verde cria um vínculo muito especial com o lugar”, conta Rebecca Wagner, presidente da MOVE (associação de empresários de Monte Verde que buscam fomentar o turismo local, além de fazerem a gestão da área natural, com as trilhas, e dos eventos da cidade).

“As pessoas levam as histórias dos moradores com elas e os moradores conseguem criar pertencimento pela importância que essa história tem”, acrescenta.

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Tudo começou em 1938, quando a família do imigrante da Letônia Verner Grinberg encontrou uma terra brasileira que fosse parecida com o que eles chamavam de casa e passaram a construir a fazenda que hoje virou Monte Verde.

A novidade se espalhou entre os amigos e parentes europeus, que também buscavam uma região com clima de montanha e paisagens de serra. Grinberg foi cedendo terreno para que construíssem casas.

Com os imigrantes, a cultura da Europa central (Alemanha, Áustria, Suíça) prosperou e deixou o distrito com a carinha que tem até hoje. O nome da vila é uma homenagem ao sobrenome da família, vem do alemão. Na tradução para o português, se transforma em Monte Verde (Grün = Verde e Berg = Monte).

Belezas naturais

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É impactante a beleza das serras mineiras. Ainda na estrada para Monte Verde, é possível se banhar com as paisagens, mas se quiser admirar de verdade, pare no Mirante Miguel Juliano, que fica na rodovia de acesso ao distrito, a cerca de 21 quilômetros da Vila, em frente à loja Queijo da Fazenda. A vista 360º das montanhas, com imersão acústica dos passarinhos, é encantadora.

Seguindo viagem, na cidade, o Parque Oschin, a seis minutos do centro, pode ser uma alternativa para quem quer fazer uma imersão rápida na natureza. Afinal o espaço de 45 mil m² permite passeios entre araucárias, hortênsias, lagos, cascatas e animais da região. Para quem viaja com criança, o parque também tem playground de madeira.

Para quem quer imersões um pouco maiores, é só escolher uma das cinco trilhas que a cidade oferece. Uma das mais conhecidas é a Trilha da Pedra Redonda.

Apesar da subida íngreme, o trajeto de 926 metros é bem preservado. Há espaços para admirar a paisagem e recuperar o fôlego durante o caminho, mas ao chegar no cume da pedra, é possível tirar todo o tempo para admirar a paisagem de 360º da Serra da Mantiqueira.

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O percurso de ida e volta demora cerca de uma hora e meia e é necessário agendamento prévio - assim como a Trilha do Platô (1.250 m, nível médio, 2 horas ida e volta). Já a A Trilha das Corredeiras do Itapuá (1 km, nível fácil, 1 hora ida e volta) e a Trilha do Pinheiro Velho (1,2 km, nível fácil, 1 hora ida e volta) não precisam de agendamento.

Além das caminhadas

Diferente da “suíça paulista”, Campos de Jordão, o clima romântico de Monte Verde divide espaço com os de aventura. Um dos passeios famosos por ali são os feitos de quadriciclos em trilhas e fazendas da região.

São diversas agências de turismo que oferecem esse serviço e o preço varia de acordo com o roteiro, mas normalmente iniciam a partir de R$150 a máquina (que comporta duas pessoas). Há também opções de passeios com jipe e bike. Aqui você confere algumas empresas que oferecem o serviço.

“Andar de quadriciclo é uma forma de conhecer a natureza de forma mais radical, algo que existe há muito tempo por aqui”, conta Diego Maciel Mendes, proprietário da empresa Irmãos Aventura. O passeio deles é feito dentro do Hotel Fazenda Floresta Negra, um espaço com mirante, cachoeira e cascata e muitas trilhas dentro da mata.

O tempo médio do passeio é em torno de 1h30, dependendo do ritmo do grupo, e custa R$250 a máquina. “Sendo maior de idade, as duas pessoas que fazem o roteiro podem fazer o revezamento da pilotagem, mas tem de fazer o treinamento antes”.

São diversas opções de passeios de quadriciclos em Monte Verde. As trilhas se diferem pelo nível de lama, atrativos do espaço e o tão fechada que é a mata Foto: Felipe Rau/Estadão

Uma das empresas que propõem o passeio de jeito inovador é a Nossa Viagem. Por ali, além de pacotes de passeios em quadriciclos, UTVs (veículo off-road) ou bikes, é possível contratar o pacote “Insta-Tour”, no qual o turista viaja com guia-fotógrafo e recebe “conteúdo pra reels, story e feed pra mais de ano” (R$ 400 por pessoa).

Outra opção de aventura é na Fazenda Radical, onde é possível praticar arvorismo (R$ 75), arco e flecha (R$ 40), escalada (R$ 50) e o mais concorrido de todos: a Mega Tirolesa (R$100), que na verdade são duas, uma de ida com 500 metros de extensão, e outra de volta com 550 metros, ambas a mais de 70 metros de altura.

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Atrações diferentes

Monte Verde é um destino muito procurado no outono e no inverno, mas dá para aproveitar a cidade no resto do ano, quando o distrito tem temperaturas sempre amenas.

Para quem quiser passar frio de verdade, uma dica é visitar o Ice Bar. O espaço é literalmente um bar de gelo temático com temperaturas que chegam a -15ºC e permite que os visitantes experimentem essa sensação por 30 minutos desfrutando de uma bebida e tirando foto com as esculturas de gelo.

Existem outros quatro como esse espalhados pelo Brasil, mas esse é o único com open bar de cachaças artesanais. “É o nosso toque mineirinho”, brinca a sócia e proprietária do local, Mariana Rodrigues.

Turistas se divertem com as atrações do bar Foto: Felipe Rau/Estadão

“Meu esposo é da cidade, sempre trabalhou com a parte de hotelaria e sentiu Monte Verde um pouco carente de entretenimento. Como já conhecíamos esse tipo de bar de outros lugares, e aqui não tinha algo do tipo, decidimos montar um”, explica ela.

“Inauguramos em 2019 e, de lá pra cá, foi super bem aceito. Tanto que agora estamos fazendo um bar de gelo, que vai ter até neve, do lado desse que vai ser o maior da América latina. A previsão para o começo do ano que vem.”

Além das cachaças à vontade, a entrada de R$70 dá direito a uma outra bebida da sua preferência ou, a opção de R$80, que oferece duas.

Outra opção de aventura diferente é a VillaLeta, um parque de 20 mil m² que cria uma atmosfera nórdica com as paisagens e gastronomia viking. “Faço parte da cultura leta e estamos fazendo um trabalho em conjunto com letos no Brasil para falarmos sobre a cultura da Letônia. Como Monte Verde foi fundada por letos, queremos disseminar essa questão dos letos e dos países nórdicos”, explica o proprietário do parque, Vilson Oschin (sim, do parque Oschin).

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A visita custa R$ 30 (para crianças de até dois anos, a visita é gratuita; idosos e crianças de 3 a 11 anos pagam R$20). O pacote inclui o passeio pelos jardins do espaço, pelas atrações, como o drakkar, espécie de barco viking e os momentos de brincadeira com os dois cães São Bernardo do lugar: Mel e Caramelo.

Todos os dias às 15h, por R$30 extras, o turista pode degustar três tipos de hidromel (bebida alcóolica à base de mel) na sala viking, à luz de velas, ou apenas assistir essa degustação gratuitamente.

Drakkar é uma réplica dos navios usados pelos vikings Foto: Felipe Rau/Estadão

Serviço

  • Gressoney Chocolates

Endereço: Avenida Monte Verde, 636

Horário de funcionamento: de segunda a quinta, das 10h às 18h. Sexta das 10h às 22h. Sábado das 10h às 23h e domingo das 10h às 20h

Funcionamento da fábrica: não funciona às quartas. De domingo a quinta, das 10h às 16h15; Sexta e sábado das 10h às 20h.

  • Fritz Cervejaria Artesanal

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Endereço: Rua Rolinha, 40

Horário de funcionamento: segunda a quarta das 10h às 23h. Quinta das 10h às 22h. Sexta, sábado e domingo, das 10h às 00h

Visitação da fábrica: sábados e feriados, das 13h às 19h

Mais informações: www.instagram.com/fritz.monteverde

  • Parque Oschin

Endereço: Rua da Mantiqueira, 1460

Horário de Funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h. Fechado às terças-feiras

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  • Ice Bar

Horário de funcionamento: de segunda a quinta, das 16 às 22h. Sexta das 16h às 23h. Sábado das 11h às 23h e domingo das 10h às 18h

Mais informações: www.instagram.com/icebarmv

  • VillaLeta

Endereço: Avenida Sol Nascente, 269

Horário de Funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h. Fechado às terças-feiras

Mais informações: www.villaleta.com.br

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