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Paralisação no Rio é fraca e salva-vidas já negociam para não serem punidos

Operação Lei Seca funciona normalmente, assim como cabines da PM e patrulhas; bombeiros reclamam de punições e criticam comando

Por Clarissa Thomé , SABRINA VALLE e RIO
Atualização:

A segunda madrugada da paralisação decretada por bombeiros, policiais civis e militares mostrou o esvaziamento da greve. Não houve registro de ocorrências graves nem diminuição do patrulhamento no centro e na zona sul da capital.Os pontos fixos da Operação Lei Seca funcionaram normalmente, com apoio da PM. Em Copacabana, Ipanema e Leblon, os policiais foram vistos em suas cabines durante a madrugada, viaturas circulavam pela cidade e outras ficaram paradas em pontos estratégicos. Dezesseis policiais e um bombeiro, apontados como líderes do movimento, continuam presos em Bangu 1 - 10 por mandado judicial e 7, em flagrante.De acordo com o chefe do Estado-maior Administrativo da Polícia Militar, Robson Rodrigues, os 129 detidos administrativamente nos quartéis já foram liberados. "Mas estão indiciados, vão responder ao processo sumário e alguns provavelmente serão excluídos da corporação. Não podemos deixar a população refém desse tipo de policial que fomenta o medo."Os 123 bombeiros que tiveram a prisão administrativa decretada ontem se reuniram no 3.º Grupamento Marítimo (Copacabana, zona sul) para negociar a suspensão da punição. Ontem, 39 guarda-vidas não se apresentaram para trabalhar na orla carioca, mas foram substituídos pelo comando da corporação - não houve prejuízo ao atendimento da população.A categoria marcou uma manifestação para hoje para pedir a libertação dos 17 presos em Bangu 1. No blog SOS Bombeiros, coordenado por grevistas, um texto criticava as "retaliações por parte do comando" e alertava para que a população não se arriscasse no mar. "Os indivíduos de camiseta nos postos (de salvamento) não estão preparados para o socorro."Crítica. A antropóloga Alba Zaluar criticou ontem o que chamou de "grupo de deslumbrados" dentro das corporações. Para ela, esse grupo promove a destruição de instituições, a desordem pública, e chega a envolver crianças no movimento. Por outro lado, Alba considera que esse seria um bom momento para rediscutir a vinculação dos bombeiros às Forças Armadas, em vez de a órgãos ligados a Saúde e Justiça. A especialista em segurança também considera equivocada a lógica da preparação profissional a que atualmente policiais são submetidos. "É um absurdo que agentes que deveriam proteger o cidadão sejam preparados para a guerra. Não é à toa que no Brasil a polícia mata tanto", disse.

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