Prefeitura investiga se Linha 6-Laranja causou alagamentos e pode pedir restituição de R$ 31 milhões

Ricardo Nunes diz que ‘tudo leva a crer’ que obstrução total de galeria de drenagem foi causada pela implantação da nova linha de metrô; consórcio nega

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Por Priscila Mengue
Atualização:

A Prefeitura de São Paulo gastou R$ 31,8 milhões de recursos municipais para resolver alagamentos possivelmente ligados às obras da Linha 6-Laranja no entorno da Avenida Santa Marina, na Água Branca, zona oeste paulistana. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse nesta quarta-feira, 19, que “tudo leva a crer” que a a obstrução total da galeria de drenagem com nata de concreto tenha sido causada pela implantação da nova linha de metrô. A concessionária responsável nega.

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“Se for realmente constatado que é por conta das obras do metrô, a Acciona vai ressarcir a Prefeitura de São Paulo. Provavelmente seja, mas a gente precisa ter esse estudo concluído para fazer a afirmação”, explicou Nunes durante a entrega da nova galeria de drenagem. “Pelo material que foi identificado, material cimentício (água misturada com cimento), muito provavelmente pode ser originário da obra do metrô.”

Segundo o prefeito, uma investigação técnica está sendo feita para identificar se o material encontrado na galeria é o mesmo utilizado na implantação da linha — de responsabilidade do Linha Uni, consórcio liderado pela empresa espanhola Acciona. Laudos e levantamento fotográficos foram realizados por técnicos.

Em nota, a Linha Uni afirmou ter relatado à Subprefeitura da Lapa em janeiro que a obstrução “não possui nenhuma relação com as obras da Linha 6-Laranja”. O consórcio alega que não há evidências de que a implantação da linha de metrô intensificou os alagamentos e diz que a região já enfrentava dificuldades de drenagem anteriormente.

“Importante salientar que a construtora possui programas ambientais no entorno de suas obras, seguindo as diretrizes dos órgãos responsáveis. Tanto concessionária quanto construtora, não receberam, até o momento, novas notificações oficiais sobre o tema”, completou na nota.

Além de uma galeria de águas pluviais, foram feitas novas guias, sarjetas e calçadas Foto: Edson Lopes Jr./Secom

Na agenda desta quarta, Nunes também disse ter conversado sobre o tema com a concessionária, com a qual teria “uma boa relação”. A abertura da nova galeria pluvial foi iniciada em janeiro. As obras de drenagem têm 650 metros de extensão, passando em parte abaixo da Marginal do Tietê, e envolveram também intervenções nas guias, sarjetas e calçadas.

Os alagamentos no entorno passaram a ser registrados especialmente no fim de 2022, com o acúmulo da água dias após chover. “Foi um investimento bastante alto, de R$ 31 milhões, solucionando os problemas que eram causados por essa obstrução da galeria e alagamento, gerando bastante problemas para quem mora e transitava por essa região”, disse Nunes sobre as obras.

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No entorno, há a construção de uma saída de emergência (SE Aquinos) e da Estação Santa Marina. A linha é a mesma em que um acidente envolvendo uma tubulação de esgoto resultou na abertura de uma cratera na Marginal do Tietê em fevereiro de 2022.

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