Prisão de Gordão, do PCC: Polícia achou traficante após monitorar percurso em motéis; entenda

Encontros de Anderson Lacerda Pereira com a mulher ocorriam sempre em locais diferentes; caderno apreendido com o nome do braço direito também ajudou nas investigações

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Por Gonçalo Junior
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Para despistar os policiais, Anderson Lacerda Pereira, o Gordão, um dos traficantes mais procurados do Brasil, costumava se encontrar com a mulher em hotéis e motéis diferentes. Dificilmente eles se viam em um dos 15 imóveis que Gordão possui na Grande São Paulo. Também evitavam repetir o local do encontro. Os dois chegavam em veículos por aplicativos, sempre separados.

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Os investigadores também ficaram intrigados com a frequência que a mulher - que já vinha sendo monitorada - ia a esses locais. No dia 15 de agosto, câmeras do circuito interno de um desses locais flagraram os dois juntos. O registro foi uma das peças-chave para que a Polícia Civil conseguisse prender o criminoso nesta segunda-feira, 5, em Poá, na Grande São Paulo.

Em 2014, Gordão intermediou uma venda de cocaína entre a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e a máfia italiana.

Anderson Lacerda Pereira, o Gordão, foi preso um restaurante de Poá, na Grande São Paulo. Foto: Polícia Civil

Outro ponto importante para as investigações foi um caderno de anotações apreendido em novembro do ano passado, juntamente com uma pequena quantidade de drogas e algumas armas. O caderno tinha nomes de traficantes. Sete meses depois, a polícia confirmou que um dos listados era Jânio Nascimento Barroso, considerado o braço direito de Gordo. O suspeito passou a ser monitorado ao longo de quase quatro meses.

Na segunda-feira, a polícia encontrou Jânio e Anderson almoçando em um restaurante popular na Avenida Antônio Massa, no centro de Poá. Era um almoço de negócios. Antes da refeição, eles foram presos.

Anderson é investigado por tráfico, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. Segundo os investigadores, o nome dele estava na lista de foragidos da Interpol desde 2020 e ele era procurado desde 2017. Gordão ficou milionário e se inspirava em traficantes internacionais como o narcotraficante colombiano Pablo Escobar, de acordo com a polícia.

Em 2021, o Estadão mostrou a trajetória do traficante. Gordão ficou conhecido por ter criado um esquema que misturava o tráfico de drogas com a lavagem de dinheiro, por meio de organizações sociais. Anderson é acusado de ter montado 38 clínicas médicas e odontológicas que eram usadas para lavar o dinheiro obtido com o tráfico internacional de drogas.

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Com esse esquema, o criminoso chegou a dominar os contratos da área de Saúde da cidade de Arujá, também na Grande São Paulo. Ele fechou contratos milionários, sem licitação, em serviços de distribuição de alimentos e medicamentos e coleta de lixo.

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