Covid: Remédio Paxlovid será vendido em farmácias; saiba quando ele é indicado

Decisão foi tomada nesta segunda-feira pela diretoria colegiada do órgão. Antiviral deve ser administrado por no máximo cinco dias

PUBLICIDADE

Por Stephanie Araújo
Atualização:

O medicamento Paxlovid, usado no tratamento contra a covid-19, teve a venda liberada para farmácias e hospitais particulares do País. A decisão foi tomada pela diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta segunda-feira, 21.

PUBLICIDADE

De acordo com o órgão federal, a venda em farmácias deve ser feita sob prescrição médica. “A autorização da Anvisa prevê ainda que o fabricante deve manter e priorizar o abastecimento para o programa do Sistema Único de Saúde (SUS)”, detalhou a agência.

“A aprovação levou em consideração a venda do medicamento ao mercado privado em outros países com autoridades internacionais de referência, como Estados Unidos e Canadá. A medida também considerou o cenário epidemiológico atual, com a circulação das novas subvariantes da Ômicron e o aumento de casos da doença no País”, acrescentou o órgão.

De acordo com o órgão federal, a venda em farmácias deve ser feita sob prescrição médica Foto: Mariana Leal/Anvisa

Em nota, a diretora relatora, Meiruze Freitas, reiterou ainda que o tratamento não substitui a vacinação. “A vacinação continua sendo a melhor estratégia para evitar a covid-19, as hospitalizações e os óbitos”, afirmou.

Entenda para quem se destina o uso do Paxlovid

O Paxlovid teve o uso emergencial aprovado no Brasil em 30 de março deste ano. A Anvisa explicou que o medicamento composto por comprimidos de nirmatrelvir e ritonavir embalados e administrados juntos “é indicado para o tratamento da doença em adultos que não requerem oxigênio suplementar e que apresentam risco aumentado de progressão para covid-19 grave”.

O Paxlovid não está autorizado para tratamento de pacientes que requerem hospitalização devido a manifestações graves ou críticas da covid-19, detalhou o órgão federal. “Também não está autorizado para profilaxia pré ou pós-exposição para prevenção da infecção pelo novo coronavírus. O medicamento não está autorizado para uso por mais de cinco dias.”

A agência pontuou que, como não há dados do uso do Paxlovid em mulheres grávidas, recomenda-se que seja evitada a gravidez durante o tratamento com o referido medicamento e, como medida preventiva, até sete dias após o término do tratamento. “Finalmente, o Paxlovid não é recomendado para pacientes com insuficiência renal grave ou com falha renal, uma vez que a dose para essa população ainda não foi estabelecida”, acrescentou.

Publicidade

‘Não adianta para quando o paciente está grave’, explica infectologista

O médico infectologista Marcelo Otsuka explica que o remédio funciona como um impedidor de replicação viral do SARS-coV-2, o vírus da covid-19. O produto é uma combinação de dois antivirais, o nirmatrelvir e o ritonavir, com comprimidos de cada um dos fármacos em combinações diárias para serem tomadas por cinco dias.

Otsuka, que é vice presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Paulista de Pediatria e Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), especifica que o medicamento é para ser utilizado nas fases iniciais de contaminação, antes que haja uma inflamação desencadeada pelo vírus.

“Não adianta quando o paciente está grave, não adianta quando o paciente está internado, adianta nas fases iniciais da doença. Acabei de me contaminar? Antes que eu tenha uma replicação viral maciça eu uso o medicamento para impedir essa replicação do vírus.” informa.

O Paxlovid também possui seus efeitos adversos com alterações gastrointestinais, como vômito, mas Marcelo afirma que não é um impeditivo nem pode ser considerado uma grande questão. “São medicamentos que têm seus eventos adversos, lógico, como todos os medicamentos existem, mas não são nada importantes, digamos assim, nada que impeça o uso de jeito nenhum”.

PUBLICIDADE

Além da reação destacada pelo médico, a bula também indica risco de reações adversas graves devido a interações com outros medicamentos, reações de hipersensibilidade e hepatotoxicidade.

Por não existirem dados sobre a utilização do remédio em gestantes e crianças a recomendação é de não utilização por esses grupos. Otsuka ainda afirma que a indicação de uso do antiviral é para pessoas que possuem maiores riscos de infecções graves como pessoas com comorbidade ou de idade avançada.

De acordo com a farmacêutica Pfizer, no Sistema Único de Saúde o tratamento já estava incorporado para esses grupos independentemente da condição vacinal devido à aprovação para uso emergencial ocorrida em março deste ano.

Publicidade

Pfizer diz que importação começará de forma ‘mais célere possível’

A Pfizer destacou que está trabalhando para trazer o antiviral ao mercado privado nacional em breve. “Com a aprovação da autoridade regulatória, anunciada hoje, a empresa iniciará o processo de importação para posterior comercialização do produto, o que buscará fazer da forma mais célere possível”.

Também procurada pelo Estadão para entender quando começarão as vendas, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) informou que não fala sobre práticas comerciais e preferiu não se posicionar sobre o tema.

Agência libera Remdesivir para crianças

A Anvisa também liberou nesta segunda-feira a ampliação de uso do antiviral Remdesivir para crianças. O órgão detalhou que a aprovação inclui crianças a partir de 28 dias e peso superior a 3 quilos, com pneumonia que requer administração de oxigênio; e crianças com menos de 40 quilos que não requerem suplementação de oxigênio e que apresentam risco aumentado de progredir para covid-19 grave.

O Remdesivir é um antiviral injetável produzido no formato de pó para diluição, em frascos de 100 mg, explicou o órgão federal. “O antiviral recebeu registro da Anvisa em 12/03/2021 e é indicado para o tratamento do coronavírus. A substância impede a replicação do vírus no organismo, diminuindo o processo de infecção”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.