Feng Shui para elevar a energia da casa e da vida

Muito além de mudanças de móveis e inclusão de cores na decoração, para equilibrar de fato a casa, o Feng Shui preza pela intenção posta pelo morador nos ambientes

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Por Ana Lourenço
Atualização:

Não é difícil fazermos promessas de mudanças durante o fim ou o começo do ano. Esse é justamente o tempo de olhar para nossa vida e vermos o que precisa ser atualizado. Em resumo, é aquela famosa frase: “Ano novo, vida nova”.

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Para muitos, isso inclui mudanças de comportamentos e hábitos. Já para outros, a mudança vem do exterior: seja no trabalho, em relacionamentos ou até mesmo no lar. “No começo de ano, existe o clima de renovação, o que nos faz aceitar mudanças mais facilmente”, explica a designer de interiores e especialista em Feng Shui (Escola da Bússola), Cris Bevilaqua.

Atitudes simples como limpar os armários, incluir plantas na decoração e trocar os móveis de lugar podem mudar a energia, sim. Porém o mais importante é a intenção que você põe em cada gesto. “Existe o poder da iluminação, das cores, das formas, dos materiais que são representados por meio do mobiliário. Mas o que conta mais é você sentir a energia daquilo, é ver a harmonia”, afirma Karina Vargas, que faz projetos de interiores em cima de Feng Shui, com base na Escola do Chapéu Negro, e terapia da casa.

Pousada A Casa de Gabriella, em Itacaré (BA), foi feita com base no Feng Shui e na terapia da casa por Karina Vargas Foto: Karina Vargas

Por isso mesmo, não existe uma data certa para trazer boas energias para a casa, tudo depende de quando você está proposto a fazer. “Para o universo não existe isso de data, isso é estipulado por nós, então a energia que você põe é o que conta. Não veja como obrigação”, diz Cris. 

Não se sabe ao certo quando o Feng Shui começou. Porém a técnica milenar chinesa foi atualizada e lida por diversos mestres de maneira distinta, o que fez com que várias escolas surgissem. Assim como no equilíbrio entre Yin e Yang, a dualidade está presente no Feng Shui. Feng simboliza o vento, força invisível, e o Shui, a água, palpável. É na união dos dois onde está presente a maior prosperidade.

De acordo com o mestre Thomas Lin Yun, que ocidentalizou a filosofia nos anos 80, a pessoa tem cinco fatores chaves de influência na vida: o destino, a sorte, a virtude, a educação (os filmes que você vê, os livros que lê, como você alimenta sua alma) e o Feng Shui, o que seria algo importante por ser o único que podemos interferir facilmente. 

No entanto, a filosofia se populariza tanto que passa a ser vendida como uma receita barata, o que gera preconceitos e mal entendidos sobre o tema. “Eu não preciso trabalhar com arquétipos coletivos, mas sim algo que converse com o seu emocional, que mexa com você. É sobre se perguntar: ‘como eu me percebo nesse ambiente?’”, diz a arquiteta Heloísa Dallari, professora da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e consultora dos princípios do Feng Shui. “Feng Shui com regra não existe.”

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Claro que há explicações que fazem sentido, como a que diz que nos ambientes devemos exercer uma posição de comando. Ou seja, olhando para a porta de entrada e conseguindo perceber as coisas que acontecem. Mas de modo geral é preciso ser realista: há coisas possíveis e impossíveis.

Uma que é categórica é o chamado destralhamento. “Para o oriental, existe o conceito do vazio, que não é o nada – ao contrário do que a gente acha –, mas sim a possibilidade do novo. Então a hora que fazemos espaço, ajudamos o Chi (energia vital) a circular”, conta.

Muito mais do que se livrar dos objetos que não te fazem bem, é preciso perceber o que foi usado no ano que passou ou não, o que está quebrado ou não e o que ainda faz sentido estar ali. “Toda desorganização causa confusão mental e emocional. Quando a vida está confusa, está na hora de arrumar a gaveta, armário, bolsa, que, além de ser uma faxina, faz com que você doe esse excesso”, diz Heloisa.

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Apesar disso, ela deixa claro que, diferentemente do que ensina Marie Kondo em seu programa sobre organização, a casa não precisa estar sempre em perfeita ordem. “Um lar deve ser vivido, então é normal ter algo desorganizado, mas uma hora a bagunça sai de controle e precisa ser organizada”, afirma. 

No fundo, o Feng Shui é muito mais lido como um estilo de vida do que algo ditado, com regras, afinal, o que é harmônico e perfeito para mim pode não ser pra você – ou até mesmo para o eu do futuro. “Ele não é uma ciência no sentido ocidental, porque não quer entender o porquê. Ele tem relação com perceber que o mundo é cíclico, e isso é uma filosofia”, diz. 

Mesmo cética, a maquiadora Alice Salazar decidiu testar a filosofia chinesa em sua casa com a profissional Cris Bevilaqua Foto: Felipe Rau/Estadão

Independentemente da escola, tudo começa com o Baguá, um diagrama octogonal usado como um mapa da casa. Cada um dos seus lados representa uma área da vida (trabalho, espiritualidade, família, prosperidade, sucesso, relacionamento, criatividade e amigos). Para a escola clássica, como a do Chapéu Negro, o principal ponto de energia é a porta de entrada. Mas, para outros, essa não é a regra. 

“Durante a pandemia, as pessoas tiveram, naturalmente, a consciência de que existem pontos favoráveis para trabalhar e outros nem tanto. Eu potencializo essa energia botando os cristais certos nos lugares certos”, conta Cris.

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A maquiadora e influenciadora Alice Salazar percebeu no dia a dia a tal mudança. “Quando a Cris veio aqui, no começo deste ano, ela começou a caminhar pela casa e disse que bem onde a gente trabalhava era um lugar que sugava a energia. Realmente a gente se sentia mais cansada, mas pensava que era normal. Depois que ela arrumou, mudou demais”, diz. “O engraçado é que eu não conhecia o Feng Shui, sou até um pouco cética, diria.” 

Em vez de mudanças estruturais no imóvel, recém-adquirido por Alice e pelo marido, eles ganharam diversos cristais. “O diferencial do meu projeto é que eu deixo só um cristal à mostra, a Drusa de Ametista, para proteção. O resto eu escondo na casa para não sumir e ninguém mexer”, explica Cris. O resultado foi positivo. “Até a autoestima muda um pouco porque a gente se sente mais confiante”, divide Alice.

Refúgio 

“Durante a pandemia, a gente se voltou pra casa e é importante mantermos isso. Ela deve ser um lugar que a gente queira voltar, que a gente se sinta relaxada e feliz”, conta Karina. “O primeiro ponto é você perceber a sua felicidade. Se você não está contente com a decoração, não se sente próspero, mas sim confuso e presencia muitas brigas, ou não dorme bem, esses são sinais que a casa não está boa”, ensina a designer. 

Lembre-se sempre de se inspirar na natureza. Como, por exemplo, com a divisão dos opostos complementares: claro e escuro; barulho e silêncio. Um quarto, por exemplo, é legal que seja mais yin, mais tranquilo. Já a sala, mais yang para receber as visitas. 

“Perceber como equilibro as retas e as curvas, onde é o ambiente mais fresco e o mais quente, os altos e baixos, o material mole e o duro. Se a gente ficar sempre na luz elétrica e no ar-condicionado, nega o natural e isso nos causa uma série de distúrbios emocionais e psicológicos”, diz Karina. “O olhar do Feng Shui é interior e conta que as coisas só vão ser diferentes se eu estiver disposto a mudar. Se fizer o mesmo, vão continuar iguais.” 

Como aplicar o Feng Shui em casa 

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  • Reorganização

Perceba se o deslocamento é fácil pela casa. Móveis que atrapalham a circulação ou muitos objetos em um mesmo ambiente podem prejudicar a energia do local.

  • Atenção

Seja para cabeceira da cama, mesa do trabalho ou local de cozinhar, a posição de comando serve para você estar receptiva às coisas boas da vida e não ser pega de surpresa. Para não mudar a estrutura da casa, uma opção é incluir espelhos

  • Aposta

Em 2022, abuse das cores azul (comunicação), verde (saúde), vermelho (aterramento do ruim) e amarelo (alegria), representadas pelos cristais Apatita, Quatro Verde, Jaspe e Citrino

  • Alma da casa

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Alimente-a com coisas boas, principalmente suas músicas favoritas e cheiros prazerosos. Alecrim traz alegria e saúde às pessoas, já hortelã pode amenizar os medos. Uma boa ideia é fazer chá com a planta e separar em três partes: para beber, para o banho e para a casa

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