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AstraZeneca encerra produção e distribuição de vacina contra a covid-19

Farmacêutica afirma que há excesso de vacinas disponíveis no mercado, o que resultou na redução da procura por seu imunizante

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Por Victória Ribeiro

A farmacêutica AstraZeneca anunciou a retirada do mercado de sua vacina contra a covid-19, uma das primeiras a serem desenvolvidas e oferecidas durante a pandemia.

Em comunicado, a farmacêutica justificou a decisão, apontando para o surgimento de diversas outras vacinas atualizadas para enfrentar as diferentes variantes do vírus, o que teria colaborado para um excesso de imunizantes disponíveis no mercado. Isso, de acordo com a empresa, acabou resultando em uma redução significativa na procura por seu imunizante, que deixou de ser fabricado.

Vacina da Astrazeneca foi uma das primeiras a serem oferecidas à população durante a pandemia de covid-19 

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A farmacêutica expressou seu desejo de “encerrar um capítulo”, destacando que o processo de retirada do imunizante já foi iniciado na Europa e que está trabalhando com outros órgãos reguladores ao redor do mundo para que a retirada das autorizações seja realizada.

“Estamos muito orgulhosos do papel que o nosso imunizante desempenhou no combate à covid-19″, afirmou a AstraZeneca. “De acordo com estimativas independentes, mais de 6,5 milhões de vidas foram salvas apenas no primeiro ano de uso do medicamento e mais de 3 bilhões de doses foram distribuídas ao redor do mundo”, completou.

Efeitos colaterais

No final de abril, a notícia de que a AstraZeneca havia reconhecido pela primeira vez a possibilidade de um efeito colateral raro de sua vacina contra a covid-19, conhecido como síndrome de trombose com trombocitopenia (STT), começou a circular em redes sociais, meios de comunicação, além de páginas e grupos antivacina.

O Estadão Verifica, núcleo de verificação de fatos do Estadão, revelou que as notícias continham omissões de informações. De fato, a farmacêutica admitiu em documentos judiciais a possibilidade de seu imunizante causar esse tipo de efeito colateral. Contudo, as publicações omitiram o fato de que o efeito adverso reportado é extremamente raro. Além disso, a farmacêutica classificou a condição como uma das adversidades “muito raras” da vacinação ainda em 2021, ou seja, durante o ápice da pandemia de covid-19.

A informação já havia sido, inclusive, rebatida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2023. Na época, a instituição, que produzia a vacina AstraZeneca no Brasil, explicou que efeitos adversos graves, como a síndrome de trombose com trombocitopenia, são “extremamente raros e possivelmente associados a fatores pré-disponentes (fatores de risco) individuais”.

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Em meio à circulação das notícias, o Ministério da Saúde publicou uma nota sobre o uso da vacina AstraZeneca/Oxford produzida pela Fiocruz, reforçando que o imunizante foi “extremamente importante” para a redução de óbitos pelo coronavírus. Além disso, destacou que todas as vacinas ofertadas são seguras, eficazes e aprovadas por órgãos competentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Os eventos adversos, inerentes a qualquer medicamento ou imunizante, são raros e ocorrem, em média, em uma a cada 100 mil doses aplicadas, apresentando risco significantemente inferior ao de complicações causadas pela infecção da covid-19″, afirmou a pasta, em nota. / COM INFORMAÇÕES DA AFP

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